Santo Antão: Rosários e roscas das festas juninas, uma tradição que passa de mães para filhos

23-06-2024 10:09

Ribeira Grande, 24 Jun (Inforpress) – Odalles Brandão, residente em Penha de França, Ribeira Grande, Santo Antão afirmou hoje que a confecção do tradicional rosário e roscas das festas juninas está na família há duas gerações.

Em declarações à Inforpress, Odalles Brandão recordou que através de uma cunhada, a sua mãe, na altura com 13 anos, aprendeu a fazer as roscas (uma espécie de pão imitando bonecas, corações, pastas e outras formas características da época) e rosários (bolos muito pequenos, mancarra, grãos de café ou pipocas enfiados num cordel imitando um rosário) para vender nas festas juninas.

“A mãe da minha mãe faleceu e como na altura ela não tinha mais ninguém para a ajudar, agarrou a oportunidade que a sua cunhada lhe deu para aprender a fazer as roscas e os rosários”, contou.

Após alguns anos, a mesma fonte salientou que a progenitora, já com duas filhas, resolveu “arriscar” no negócio por conta própria e até os dias de hoje a tradição de confeccionar rosca e rosário não “morreu” na família Brandão.

Segundo Odalles Brandão a sua mãe a ensinou desde muito cedo a receita desta tradição gastronómica da época junina e, com o passar do tempo, tomou as rédeas do negócio quando a sua mãe teve de acompanhar a sua irmã mais nova à Portugal por motivos de doença.

“Há oito anos, a minha mãe foi para Portugal com a minha irmã doente. No primeiro ano ela me perguntou se arriscaria fazer as roscas e os rosários logo respondi que não estava preparada para avançar. E nisso ela me deu algumas coordenadas de como fazer e a quem recorrer para me ajudar e assim fiz e desde então todos os anos no mês de Junho os faço”, pontuou.

Conforme a mesma fonte das três festas juninas – Santo António, São João e São Pedro – ela costuma lucrar mais na festa de São João Baptista.

Outrossim, Odalles Brandão lamentou que a tradição “infelizmente” não irá passar para as outras gerações da família e justificou que a juventude “não quer aprender” porque acham que o processo é cansativo.

“Até nas vendas os pais insistem com os filhos para colocarem um rosário e a maioria não aceita. Infelizmente a tradição vai morrer.”, disse.

A mesma fonte disse que depois da pandemia o negócio caiu “muito”, porque as pessoas ficaram com receio devido à higiene dos mesmos.

É que, segundo Odalles Brandão muitas pessoas que vendem os rosários sem higiene e isso acaba por manchar a imagem de todos os que vendem.

“Apelo às pessoas que fazem roscas e rosários que os façam com zelo e higiene de forma que as pessoas possam ganhar confiança em comprá-las”, pediu.

LFS/HF

Inforpress/Fim

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