Plataforma das Comunidades Africanas em Cabo Verde alerta para violência e exploração sexual contra crianças africanas (c/áudio)

16-06-2024 1:00

Cidade da Praia, 16 Jun (Inforpress) – A Plataforma das Comunidades Africanas em Cabo Verde alertou hoje para a violência e agressão sexual a que as crianças africanas estão expostas e pediu mais integração,  solidariedade e acções conjuntas a favor das mesmas.

A associação de defesa dos imigrantes denunciou, igualmente, que muitas crianças africanas em idade escolar estão fora do sistema de ensino, devido à falta de infra-estruturas, de materiais didáticos e de professores, considerando que estes obstáculos privam o crescimento e o desenvolvimento intelectual dessas crianças.

O alerta de José Viana foi feito à Inforpress, no Dia Internacional da Criança Africana, que se celebra hoje, 16 de Junho, para chamar a atenção da realidade de milhares de crianças africanas que são vítimas de violência, exploração e abuso sexual, entre outros desafios humanitários.

O responsável traçou um quadro sombrio da realidade das crianças africanas, destacando as “desigualdades várias e a pobreza” que são “realidades nuas e cruas” e ue afectam milhões dessas crianças no continente, com especial destaque para a questão da saúde e nutrição.

A UNICEF estimou que 2024 cerca de 46,7 milhões de crianças vão enfrentar necessidades humanitárias na África Ocidental e Central, principalmente devido a conflitos e insegurança.

“Estes são pilares fundamentais que não podemos deixar de lado. Nós sabemos que existem algumas doenças, como a malária, a desnutrição, que afectam essas crianças”, frisou, defendendo que é preciso que todos lutem para modificar essa situação, garantindo  que cada criança tenha acesso a cuidados médicos e à uma alimentação balanceada. 

Apontou também a questão da educação como prioridade, indicando que muitas crianças africanas estão fora do sistema de ensino, devido às escolas lotadas, falta de materiais didáticos e professores mal remunerados, obstáculos que privam o crescimento e o desenvolvimento intelectual dessas crianças.

“Devemos investir muito na educação das nossas crianças porque seria investir no futuro de toda a África e do nosso país”, sublinhou.

José Viana apontou também o trabalho infantil como outra preocupação, uma prática que ainda existe em muitas regiões do continente, quando o normal seria que estivessem a frequentar uma escola, desenvolvendo suas habilidades.

“Mas, muitas vezes são encontradas a fazer plantações, a   trabalhar nas minas, em mercados, à porta das escolas, nos mercados municipais vendendo, ou mesmo na rua, vendendo para poder ganhar a vida”, denunciou.

Nesta questão, disse que enquanto porta-voz da Plataforma das Comunidades Africanas, vão lutar junto da à sociedade civil para erradicar essas disparidades, oferecendo a cada criança a dignidade de uma vida sem privações.

“Precisamos intensificar, neste caso, os nossos esforços para acabar com essas práticas, garantindo que todas as crianças possam realmente viver a sua infância em plenitude e com esperança num futuro melhor", disse, defendendo que essa responsabilidade é de todos.

Este responsável não deixou de fora também a questão da violência e o abuso sexual que, sesegundo disse, são "realidades sombrias" que muitas crianças africanas enfrentam neste momento, tanto em Cabo Verde como nos outros países mais próximos, muitos deles em conflitos armados.

Para finalizar, José Viana observou que é preciso que todos estes flagelos que atingem estas crianças sejam combatidos, tanto pela sociedade civil, como pelas famílias, governantes e associações.

“Que pensemos e lutemos para o direito dessas crianças, para que possam ter uma família, direito à educação, direito aos cuidados de saúde, direito à alimentação e direito a uma vida sã e próspera para um futuro melhor”, sugeriu

O Dia Internacional da Criança Africana é comemorado com um conjunto de actividades culturais, desde jogos, poesias, passagem de modelo com trajes africanos, na cidade da Praia.

A data é celebrada em memória das crianças e adolescentes africanas mortas no massacre em Soweto, em Joanesburgo, na África do Sul, em 1976, nesse mesmo dia.

As crianças e adolescentes reivindicavam a fraca qualidade de ensino e manifestavam-se contra o ensino de língua Afrikaans, usada apenas pela minoria branca.

A manifestação durou 14 dias e pretendia ter carácter pacífico, mas acabou em extrema violência, tendo morrido mais de cem pessoas e ficando feridas cerca de mil crianças e jovens que estavam em pleno exercício de um direito fundamental, reconhecido pela Declaração Universal de Direitos Humanos.

Em 1991, a OUA-Organização da Unidade Africana escolheu o dia 16 de Junho para homenagear essas vítimas e para proteger as crianças do continente Africano.

DG/JMV

Inforpress/Fim
 

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