São Vicente: Directora da Escola Jorge Barbosa considera que é preciso falar da saúde mental sem discriminação

17/09/24 12:42

Mindelo, 17 Set (Inforpress) - A directora da Escola Secundária Jorge Barbosa (ESJB), em São Vicente, Josina Ferreira, considerou hoje que é preciso falar e pensar de uma forma descontraída e sem discriminação da saúde mental.

Josina Ferreira falava aos jornalistas a propósito da ‘conversa aberta’ sobre “saúde mental e emocional dos professores – conhecer para compreender”, realizada hoje na escola em parceria com a Comissão Instaladora da Ordem dos Psicólogos de Cabo Verde (CIOPCV).

“De vez enquanto nos apresentam situações e temos professores que estão a ser acompanhados por psicólogos e por psiquiatras, justamente para mostrar que é um tema que precisamos falar e pensar de uma forma descontraída sem discriminação”, explicou a directora.

Segundo a mesma fonte, é “muito pertinente” levar este tema para o debate tendo em conta que foi uma directriz do Ministério da Educação para este ano e também porque os professores lidam com crianças e adolescentes e vários professores convivem no mesmo ambiente.

Para o psicólogo e professora do Gabinete de Psicologia da ESJB, Ulisses Duarte, falar da saúde mental é “muito importante” porque pode influenciar a saúde física e também ter repercussões em todas as actividades que as pessoas desenvolvem.

“Trabalhar a saúde mental dos professores neste momento, sobretudo no início do ano, é muito importante porque estamos a falar de uma classe que está mais sujeita à situação de estresse e à situação de desesperança, de cansaço e esgotamento. Hoje em dia, falamos em síndrome de Burnout. Daí que é muito importante, sobretudo no início, para preparar o professor para que tenha um ano mais tranquilo”, explicou.

Para este especialista falar deste tema é pertinente sobretudo, neste momento, momento crucial para a introdução do novo Estatuto, em que se fala em Plano de Carreiras Funções e Remunerações (PCFR) e em que os professores precisam estar preparados para enfrentar esses momentos.

Além disso, Ulisses Duarte esclareceu que é preciso levar em conta que o trabalho do professor não se restringe apenas à carga horária, porque o docente trabalha também pós-sala de aula.

“Se um professor tiver uma carga horária excessiva, com uma turma numerosa, sabemos que, com várias avaliações, vai estar numa situação de excesso de trabalho e isso também pode causar alguma situação de saúde mental”, afirmou.

Segundo a professora Dilma Salomão, a roda de conversa é bastante benéfica para munir os professores de mecanismos necessários para que possam saber enfrentar os desafios que cada vez aumentam e ajudá-los a ter o controle da saúde mental e também emocional.

Segundo a docente, entre os desafios que os professores enfrentam neste momento está a luta pela valorização da classe face à recusa de diálogo por parte do Ministério da Educação que não está a absorver as propostas dos sindicatos que representam os professores.

“Além dessa questão, que não é apenas a questão salarial, além do PCFR, que não abona para a classe docente, falando mesmo dentro da sala de aula, os professores são confrontados cada ano lectivo com mais alunos com necessidades educativas especiais. Nós sabemos que essas crianças têm direito a uma educação, mas para ter essa inclusão, os professores precisam ter ferramentas para isso”, avançou.

Para a professora, os docentes não são devidamente preparados para lidar com essas questões e isso acarreta estresse porque o professor quer fazer o seu melhor e não quer ver nenhum aluno a ficar para trás.

“Para esses alunos precisamos de materiais e também de pessoal capacitado para estar a dar o ‘backup’ para os professores”, referiu, enumerando ainda os desafios de terem turmas com 100 por cento (%) de alunos reprovados, que ficam às vezes até atingirem os 18 anos e depois vão embora sem nem mesmo concluir o 7º ano.

CD/CP

Inforpress/Fim

Notícias Recentes


19/09/24 17:14
19/09/24 16:35
19/09/24 16:21
19/09/24 16:17
19/09/24 15:47