Santiago Norte: Profissionais de saúde aprimoram conhecimentos no atendimento ao recém-nascido e reanimação neonatal

21-02-2024 17:38

Assomada, 21 Fev (Inforpress) – Os profissionais que lidam directamente com as grávidas e recém-nascidos da Região Sanitária Santiago Norte (RSSN) participaram hoje numa acção de capacitação sobre o atendimento aos recém-nascidos e reanimação neonatal.

Em declarações à Inforpress, o director da RSSN, João Baptista Semedo, explicou que o objectivo principal é continuar a reforçar a capacidade técnica dos profissionais de saúde, sobretudo os que se encontram na porta de entrada do sistema a nível de atenção primária, neste caso nos Centros de Saúde, mas também a dos profissionais a nível secundário, os que se encontram nos hospitais e que actuam no atendimento específico de grávidas.

Segundo este responsável, esta formação foi ministrada presencialmente na sala de reuniões do Gabinete Técnico da RSSN, em Achada Falcão (Santa Catarina) e nas plataformas digitais.

Abrangeu os profissionais dessa vertente dos seis municípios que compõem a região, nomeadamente São Lourenço dos Órgãos, Santa Cruz, São Salvador do Mundo, Santa Catarina, São Miguel e Tarrafal, com vista a dar um seguimento certo e evitar consequências ligadas tanto a mães como aos filhos recém-nascidos. 

Esta formação, conforme sublinhou, prepara os profissionais no sentido de intervirem e prestarem os cuidados iniciais ao recém-nascido, considerando que o “parto possui vários mistérios” e, com as ferramentas apresentadas, os profissionais estarão aptos para identificar a olho nu e rápido, quando o recém-nascido nascer se este tem a necessidade de reanimação e ajuda.

Com estas intervenções, o director afiançou que assim pode-se evitar complicações, na maioria das vezes graves, exemplificando que se um recém-nascido precisar de ajuda e não for socorrido, esta situação pode levá-lo a óbito, pode originar paralisia cerebral, entre outras complicações.

“Queremos ter cidadãos sãos e para isso o sistema tem de ter pessoas altamente qualificadas para trabalhar na prevenção destas situações, desde a captação da gravidez até ao processo do nascimento nas primeiras horas”, finalizou.

Por seu turno, o médico neonatalogista e director do serviço de neonatologia do Hospital Universitário Agostinho Neto, António Cruz, realçou que o objectivo é fazer com que a taxa da mortalidade infantil que se encontra em dois dígitos, ou seja, 10 por mil crianças que nascem com vida, seja reduzida para abaixo dos 10 por mil (%0).

Recordou que nos anos de 1975 a taxa de mortalidade infantil em Cabo Verde era de 108 para cada criança nascida viva até 1 ano de idade, foram introduzidas algumas melhorias nas condições de vida, saneamento, água, vacinação das crianças o que fez essa taxa baixar e, no ano 2000, começou-se a ficar no efeito platô, e morriam 21 a 23 crianças, situação que permaneceu até 2013.

Tendo em conta esta situação, realçou que foi feito um investimento para melhorar o período compreendido entre 0 a 28 dias, período em que se concentrava a taxa de mortalidade infantil e em 2022, a taxa passou a ser de 10,2, considerando-o como sendo um marco “muito importante”, ressaltando que o objectivo é conseguir encaixar essa taxa abaixo de 10 por mil.

Diante do objectivo traçado, António Cruz enalteceu a importância desta formação, sublinhando que tem sido realizada quase por todo o país, com foco na uniformização dos protocolos de reanimação neonatal, ou seja, para que todos os técnicos que contactam com as mães e as crianças recém-nascidas possam falar todos a mesma linguagem a nível nacional. 

Entretanto, aproveitou para lembrar às mães que “possuem um papel muito importante nesse processo e nessa luta”, ressaltando que as crianças que mais morrem são os prematuros extremos, e o que leva a isso, muitas vezes, conforme anunciou é a falta de acompanhamento.

Neste sentido, pede a todas as mães para que ao descobrirem uma gravidez que procurem os Centros de Saúde e assim fazer o seguimento de forma correcta, o que diminui a taxa de parto prematuro, pois fazem os exames, evitam infecções (ou são detectadas a tempo) que provocam o parto prematuro, exemplificando que uma infecção urinária pode desencadear um parto prematuro e é algo que pode ser prevenido.

“Se todas as grávidas tiveram o seguimento correcto e a tempado, diminui muitos partos prematuros e consequentemente ajuda a reduzir a mortalidade infantil”, considerou, reforçando que Cabo Verde não investe em crianças com menos de 25 semanas de gestação, porque estas apresentam mais sequelas do que qualidade e querem dar às mães crianças com qualidade de vida e não um vegetal, e que “não há condições técnicas para tentar salvar crianças com menos de 25 semanas”. 

MC/HF

Inforpress/Fim 

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