Parlamento: Oposição considera “grave” a falta de água no país e exige medidas “claras e assertivas” do Governo

08-03-2024 16:29

Cidade da Praia, 08 Mar (Inforpress) - O PAICV e a UCID consideraram hoje que a água constitui um direito humano fundamental tendo exigido do Governo a implementação de medidas “claras e assertivas” para resolver a “grave crise” de água registada em várias ilhas do país.

A declaração do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV - oposição) foi feita pela deputada Rosa Rocha, durante a interpelação ao Governo sobre o fornecimento de água para o consumo e irrigação durante a sessão plenária deste mês.

Destacou os ganhos significativos registados nesta matéria durante a governação do PAICV (oposição), tendo arquipélago em 2007, antecipadamente, atingido os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM), previstos para 2015.

Não obstante, o então Governo, suportado pelo PAICV, tinha a plena consciência da desafiante realidade, pois as médias nacionais ainda ocultavam as disparidades territoriais, bem como os altos custos de acesso, e registaram-se grandes ineficiências na gestão do sector”, asseverou, questionando o executivo sobre as promessas e medidas anunciadas que até este momento não foram cumpridas.

A deputada do maior partido da oposição frisou que se o Governo do MpD tivesse tido a capacidade para dar continuidade, no ritmo exigido, aos referidos projectos, o país teria atingido as metas definidas pelo até então Governo do PAICV, de elevar o consumo per capita de 43 para 90 litros por dia.

Infelizmente, este Governo sofre de um grave problema que é a manifesta incapacidade de materializar os projectos, e vem patinando nos últimos oito anos, apoiando-se em recorrentes anúncios”, criticou, lembrando que o governo do seu partido, engendrou na altura uma profunda reforma, enquadrada numa estratégia de gestão integrada da água e do saneamento.

Rosa Rocha prosseguiu, referindo que no domínio da mobilização de água para a agricultura, o actual Governo, decidiu afunilar-se na massificação da dessalinização, como a única solução, reforçando que até a presente data, a única massificação conseguida por este Governo, foi a massificação dos problemas e retrocessos.

“O senhor ministro, está em condições de afirmar ao País, que a opção de aquisição dos equipamentos e assistência técnica na Hungria foi a mais assertiva e benéfica para a viabilidade da produção agrícola em Cabo Verde?”, questionou, acrescentando que no que concerne às barragens, o sistema no poder procura generalizar pontuais falhas e sabotar a gestão da água armazenada.

Por seu turno, o deputado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID - oposição), António Monteiro, lamentou o facto de ainda o país e os cabo-verdianos não beneficiarem do fornecimento de água de boa qualidade e em grande quantidade, criticando que por falta de recursos financeiros, capacidade de investimento na manutenção esta situação ainda persiste.

No seu entender, é responsabilidade do Governo actuar, criar as condições para que em termos de qualidade de água possa garantir aquilo que é exigido, afirmando que a da falta de água não tem que ver somente com a qualidade, mas também quantidade suficiente verificada igualmente nas ilhas de Santiago e do Sal.

No domínio da agricultura, segundo o parlamentar, registam-se também retrocessos relacionados com o abandono dos investimentos que vinham sendo implementados na mobilização de águas, no quadro de uma política de ordenamento das bacias hidrográficas.

Por seu turno, o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva apontou que, Cabo Verde, enquanto um país insular, enfrenta muitos desafios, afirmando que o sector da água é um dos mais estratégicos e prioritários para o país e que o Governo desde 2016 tem trabalhado para que o país vença os desafios e fragilidades existentes no sector.

Destacou os ganhos alcançados na implementação de medidas para melhorar a qualidade e produção de água a nível nacional através do projecto da água dessalinizada anunciando que brevemente a Brava irá contar com uma unidade solar de 500 metros cúbicos/dia e que os ganhos alcançados terão de ser consolidados pelo Governo.

O ministro garantiu que o programa de dessalinização para a agricultura está a bom ritmo, afiançando que até ao final de 2025, o país terá sete centrais de dessalinização com respectivos parques solares e que o Governo vai manter a política de incentivos para a poupança da água na agricultura.

CM/CP

Inforpress/Fim

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