José Luiz Tavares apresenta hoje “Um Preto de Maus Bofes” no festival literário Correntes d’Escritas

23-02-2024 10:26

Póvoa de Varzim, Porto, 23 Fev (Inforpress) - O poeta cabo-verdiano José Luiz Tavares apresenta hoje em Portugal a sua mais nova obra poética “Um Preto de Maus Bofes” no festival literário Correntes d’Escritas, que assinala este ano 25 edições.

O poeta, de 56 anos e nascido no Tarrafal, interior da ilha de Santiago, caracterizou à Inforpress o novo livro como o seu “textamento poético e existencial”, escrito entre os dias 29 e 31 de Janeiro de 2020, “quando a pandemia estava às portas”.

“Embora este livro andasse na minha cabeça havia já algum tempo, foi essa circunstância o desencadeador do processo de escrita”, esclareceu.

“E textamento (com x) porquê? Porque é a matéria vivida (ou presumivelmente vivida) transformada pelo processo criador, percorrendo o itinerário existencial, seus cumes e tropeços, numa espécie de balanço e de ajuste de contas comigo, com o mundo e com a literatura”, reforçou.

“Um Preto de Maus Bofes”, que será apresentado às 18:30 de Portugal (17:30 em Cabo Verde), pelo escritor Rui Zink,  é, segundo o crítico literário António Cabrita, um livro raro e difícil de ler porque exigente, como foram os livros de Grabato Dias e de João Vário.

“E raro, dado que a diatribe pode afogar quem a pratica nas suas águas revoltas, e só um poeta de muito fôlego e de experimentado estro é capaz de aguentar, como aqui acontece, o ritmo de um pleito de sabres sem ficar cego, descurando o cuidar do verbo no acinte das estocadas”, observou o crítico.

Para António Cabrita, o que torna exasperante e magnífica a poesia de José Luiz Tavares, mesmo a que contunde e lhe transpira das irritações, é que nunca navega à cabotagem.

“Tavares navega e perde-se no miolo da lonjura, para se achar, o que leva ao combate de um poeta maduro, que conquistou o respeito tatuando com sangue as teclas, contra a trivialização oportunista”, reforçou.

O festival literário Correntes d’Escritas, que assinala este ano 25 edições, abriu oficialmente na quarta-feira, com a atribuição do Prémio Literário Casino da Póvoa de Varzim e uma conferência pelo ensaísta José Gil sobre “Literatura e filosofia”.

Com um programa centrado na “Liberdade”, em alusão aos 50 anos do 25 de Abril, o encontro de escritores de expressão ibérica que é organizado anualmente pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim conta este ano com a presença de 120 autores de 16 nacionalidades, entre os quais os cabo-verdianos Germano Almeida e Joaaquim Arena.

Natural do Tarrafal de Santiago, José Luiz Tavares estudou Literatura e Filosofia em Portugal, onde vive há mais de três décdas. De 2003 a esta parte já publicou uma vintena de obras literárias.

José Luiz Tavares é o escritor mais premiado de sempre de Cabo Verde, tendo recebido, no país e no estrangeiro, entre outros, o prémio Cesário Verde, prémio Mário António da Poesia, prémio Jorge Barbosa, prémio Pedro Cardoso, prémio Cidade de Ourense de Poesia, prémio BCA/Academia Cabo-verdiana de Letras.

Por três vezes consecutivas recebeu o Prémio Literatura para Todos do Ministério da Educação do Brasil, foi finalista duas vezes do prémio ibero-americano Correntes d’escritas, finalista do Pen Club Português, semifinalista do Prémio Portugal Telecom de Literatura e Oceanos de Língua Portuguesa.

Alguns dos livros do escritor integram o Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde e Portugal e estão traduzidos para inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, mandarim, neerlandês, russo, finlandês, catalão, galês e letão.

JMV/ZS

Inforpress/Fim

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