Investigadora autista apela à criação de oportunidades em vez de discriminação  

01-04-2024 15:01

Cidade da Praia, 01 Abr (Inforpress) – A investigadora autista italiana, que se encontra em Cabo Verde a colaborar na sede da Colmeia, apelou hoje
às sociedades a respeitarem as pessoas como elas são e criarem igualdade de oportunidades, em vez de discriminar.

Luiza Di Biagio, que é também psicóloga de profissão e colaboradora de uma universidade italiana, chegou recentemente a Cabo Verde para apoiar a Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Especiais (Colmeia) com a sua experiência. 

Afirmou que ela mesma é autista, uma condição que descobriu depois de complementar 35 anos de vida, apesar de ser de uma família “economicamente boa”, porque também na época da sua infância pouco se sabia sobre esta condição.

“Poderia andar na mesa, falar sozinha, sabia que tinha uma adversidade, mas não sabia qual era porque ninguém nunca me disse nada”, contou.

Actualmente ela é escritora, investigadora, psicóloga de profissão, ou seja, faz tudo isso apesar de ter este diagnóstico, que segundo assegurou não a impede de levar a sua vida normal.

“As sociedades devem respeitar as pessoas como elas são, criar oportunidades para todos ao invés de discriminar”, disse, sublinhando que decidiu vir para a Colmeia porque viu que além de trabalhar as crianças esta associação oferece assistência às famílias, o que considera muito necessário.

Para Luiza Di Biagio, dependendo do grau, deve-se dar oportunidade de trabalho às pessoas autistas para se desenvolverem, afirmando que no seu caso para chegar até onde chegou foi graças a oportunidade que teve.

“Há pessoas com autismo sobredotados e quando é assim fazemos coisas e as pessoas não veem a outra parte que precisamos, porque só notam a parte qualidade. Se no passado tivesse acesso a psicólogo, neuropsicologia, por exemplo, teria mais compreensão social, porque ainda que sou sobredotada precisava desses atendimentos”, acrescentou. 

Esta investigadora mostrou que enquanto pessoa com espectro de autismo têm mais dificuldades em fazer coisas em situação social simples do que coisas mais complexas, por isso salientou que o autoconhecimento é bom para poder compreender os outros.

Segundo realçou, passou em 31 exames universitários em 11 meses, mas tem dificuldades em cumprimentar as pessoas dando a mão.

Entretanto, lamentou que infelizmente a nível dos Estados Unidos e Europa tem-se registado um “grande problema” porque as mães ao saberem que estão grávidas de crianças com sinais desta condição tem optado pelo aborto.

“E, neste caso, não conseguimos saber quais as causas, uma vez que as crianças não podem nascer e nós temos uma população velha, então não conseguimos fazer estudos”, disse.

Neste sentido afirmou que ao saber do trabalho da Colmeia em Cabo Verde viu que o estudo seria importante porque aqui atendem essas crianças, e a organização pode ir mais avante, tendo em conta que a intenção  da sua missão é também elaborar algum projecto de contexto internacional.

ET/AA

Inforpress/Fim 

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