Espargos, 27 Abril (Inforpress) – O Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) e a Associação “Nu Bai”, na ilha do Sal, têm em curso uma campanha, “Não dê na rua” para sensibilizar turistas a não oferecerem dinheiro ou alimentos a menores nas ruas.

A iniciativa visa chamar a atenção dos visitantes para a questão de cuidados com crianças e adolescentes nas ruas com aquilo que acreditam ser um “gesto nobre”, oferecendo, donativos, alimentos e dinheiro directamente a crianças que encontram nas ruas.

Conforme explica a presidente do ICCA, Zaida Freitas, que se encontra na ilha para uma visita de dois dias, o facto da ilha do Sal ser a mais turística de Cabo Verde, traz maiores preocupações neste aspecto.

“O turismo traz-nos muitas coisas boas para o desenvolvimento do país, mas também pode trazer alguns constrangimentos, daí que o ICCA está a lançar esta campanha em força para sensibilizar não só os turistas, mas a população no seu todo para não dar dinheiro ou outros tipos de bens na rua”, explica.

Para a mesma, essas atitudes, se por um lado podem ser de generosidade, depois tem um impacto negativo na vida das crianças.

“A rua é um desafio para nós porque alicia as crianças para esta vida sem regras, sem normas e onde muitas vezes tem acesso a coisas que se calhar na família não conseguem”, continuou.

E para fazer face a estes aliciamentos, conforme a mesma, é preciso fortes contrapartidas, que são conseguidas em parcerias, num verdadeiro “djunta mô” (juntar as mãos), cada um com as suas responsabilidades e ver o que cada um pode oferecer.

“Precisamos unir para ver o que cada um pode fazer para que a criança/adolescente perceba que a rua não é um lugar adequado para eles e que a rua tem perigos sérios nestas fases de desenvolvimentos. A própria criança não tem a consciência dos perigos e porque consegue hoje 10 ou 15 euros pensa que a vida é isto”, concluiu.

A campanha “sem fotos, sem dinheiro, sem comida e sem donativos directos”, que está a circular por toda a ilha, visa chamar atenção dos turistas e dos próprios guias que têm as escolas e jardins na ilha como um ponto de interesse turístico.

NA/HF

Inforpress/Fim