Tarrafal: Especialistas apelam aos jovens que leiam e adquiram mais conhecimentos sobre a história do Campo de Concentração

09/05/24 21:01

Tarrafal, 09 Mai (Inforpress) – Os especialistas que apresentaram o primeiro painel no simpósio internacional, que decorreu no Tarrafal, apelam aos jovens que procurem mais informações e conhecimentos acerca do Campo de Concentração.

Após a apresentação do tema “Campo concentração, colónia penal e Campo de Trabalho: conceitos de repressão e materialidades de confinamento”, Victor Barros, explicou que trouxe o tema para tentar fazer o público perceber o conceito daquilo que é uma colónia penal, daquilo que é um campo de concentração e daquilo que é um campo de trabalho e ao mesmo tempo demonstrar as técnicas de confinamento e encarceramento.

Neste sentido, defendeu que “é preciso treinar os jovens para olhar para a história com um olhar mais crítico”, reforçando que existe a necessidade de uma educação histórica para as pessoas “olharem para o passado de forma não instrumentalizada ou partidarizada, mas olhar para o passado de forma crítica”. 

“Olhar para o passado de forma crítica significa fazer um trabalho de memória, e fazer um trabalho de memória não é só recordar ou invocar datas comemorativas, ou em momentos de efemérides”, indicou, realçando que é um trabalho constante, permanente e que deve passar por um conjunto de estruturas, de recursos, de políticas patrimoniais, de políticas educativas, entre outros aspectos. 

Por seu turno, Pedro Parreira, de Portugal, apresentou o tema “Da terceira a Santiago, o jugo das prisões políticas insulares durante o Estado Novo”, ressaltando que o que fez foi falar sobre a sua realidade nos Açores e a realidade do campo de prisioneiros que houve durante o Estado Novo, na altura, em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira.

Segundo o conferencista, trouxe esta abordagem histórica como ponto de partida voltada para a memória coletiva que une Cabo Verde e une os Açores, com a memória atlântica do peso do jugo que foi feito pelo Estado Novo em relação ao cidadão comum e em relação às pessoas que foram oprimidas pela ditadura do Salazar, pela ditadura absolutista que ainda perdura nos dias de hoje.

Aos jovens, deixou um apelo para continuarem a luta, sublinhando que “o ódio não pode sair vencedor”, sendo assim necessário continuar a lutar para um futuro em colaboração, para um caminho conjunto, para a liberdade de todos os povos, para a emancipação de todas as pessoas, para que o futuro seja feito de liberdade, de amor, e que nunca mais haja Tarrafal, fascismo e opressão

Já a Nélida Brito, falou de “Vidas e experiências concentracionárias”, onde segundo a mesma tentou mostrar as formas que os presos utilizaram para conseguirem resistir a este campo, relembrando que houve duas fases. A primeira fase foi de 18 anos e a segunda fase 12 anos.

Neste sentido, afirmou que houve 30 anos de Campo de Concentração, embora que cada um numa fase, onde primeiro foram os portugueses e depois a segunda fase onde estiveram cabo-verdianos, guineenses e angolanos, ressaltando que as formas de lutas e resistências foram diferentes nessas duas fases.

Para melhor se informarem, pede aos jovens que leiam sobre estes assuntos relacionados com a história do Campo e não só, mas que também esses assuntos podem ser incluídos nos manuais, defendendo a necessidade de pelo menos a partir dos 10, 12 anos, se começar a ter contacto com estes conteúdos e tentar perceber.

Para o período da tarde, o simpósio internacional debruçou sobre as “Memórias e espaços de vida: testemunhos de ex-presos e /ou familiares”.

O simpósio continua esta sexta-feira, com mais dois painéis “Actos de resistências no Campo de Concentração e a figura de Amílcar Cabral e Diálogos entre o Museu de Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche e o Museu do Campo de Concentração do Tarrafal”.

No período de tarde será lançado o livro “Campo de Trabalho de Txon Bom (1961- 1974) – Tarrafal de Santiago – Cabo Verde”, da autora Nélida Maria Freire Brito e para finalizar, o Campo de Concentração de Tarrafal de Santiago recebe o Festival de Resistência – Do Eco à Música que contará com artistas dos diferentes “países irmãos”: Batchart, Fattú Djakitté, Yacine Rosa, Princezito e Batucadeiras, Susete e Venancinho, Tabanca e Ary Kueka.

MC/CP

Inforpress/Fim

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