Lisboa, 12 Set (Inforpress) – O primeiro Encontro de Artistas e Escritores Guineenses decorreu hoje, em Lisboa, no âmbito do centenário de Amílcar Cabral, visando discutir o seu legado cultural e o papel da cultura na formação da identidade e afirmação da democracia.

O evento, organizado pela Casa da Cultura da Guiné-Bissau, teve como tema “Cultura: um factor de progresso e de unidade nacional” e contou com conferência, debates, animação cultural, exposição, bancas de venda de livros e apresentação de livro “Cartas de Amílcar Cabral a Ana Maria: Entre mim e ti, aconteceu amor”.

“O evento visa discutir o legado cultural de Cabral e o papel da cultura na formação da nossa identidade e na afirmação da democracia”, destacou a directora da Casa da Cultura da Guiné-Bissau, Rita Ié, em declarações à Inforpress.

“Estamos muito aquém do que deveríamos fazer para homenagear a figura de Cabral. Ele foi essencial para a nossa liberdade e identidade, mas, infelizmente, os ideais dele não foram respeitados como deveriam ser”, afirmou Rita Ié, enfática, quando questionada sobre se o legado de Amílcar Cabral foi devidamente valorizado.

Ela ainda acrescentou que os jovens desempenham um papel fundamental ao tentar resgatar e honrar a visão de Cabral através de activismo e esforço para construir uma sociedade mais equitativa.

A directora explicou que a Casa da Cultura foi aberta em Janeiro deste ano, numa data simbólica para os povos guineense e cabo-verdiano, no dia 20 de Janeiro, data que Amílcar Cabral foi assassinado, em 1973.

Desde a sua abertura, já organizou várias actividades, sendo que esse encontro de artistas e escritores é uma das principais, conforme Rita Ié, indicando que as próximas actividades no âmbito das comemorações do centenário, vai ser colóquio sobre o legado cultural de Amílcar Cabral.

Esse evento vai ser realizado na Torre do Tombo, em Lisboa, no dia 27 de Setembro, para além de nos 27 a 29 de Setembro haver uma exibição de cinema com documentários e filmes sobre a Guiné-Bissau, antes e após a independência.

“Queremos proporcionar um olhar abrangente sobre a nossa história e o impacto de Cabral não apenas na política, mas também na cultura e na arte”, afirmou.

Amílcar Cabral, filho do professor Juvenal Lopes Cabral (cabo-verdiano de ascendência guineense) e de Iva Pinhel Évora (nascida na ilha de Santiago, Cabo Verde), nasceu a 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, na então Guiné portuguesa (hoje Guiné-Bissau), e foi assassinado a 20 de janeiro de 1973, em Conacri, Guiné.

As comemorações do centenário do nascimento de Amílcar Lopes Cabral, um político, agrónomo e referenciado como um “teórico marxista”, têm sido marcadas por diversos eventos académicos, culturais, políticos, desportivos, sociais em várias partes do mundo.

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