Cidade da Praia, 31 Dez (Inforpress) – A tempestade Erin, que aconteceu nas ilhas de São Vicente, Santo Antão e São Nicolau, marcou a área do ambiente em 2025.
Na ilha de São Vicente provocou a morte de nove pessoas, dois desaparecidos, cerca de 1.500 desalojados e mais de 3.000 pessoas afectadas.
A tempestade inundou bairros, destruiu estradas, estabelecimentos comerciais e habitações, afectou o abastecimento de energia e de água, perdas de animais arrastados pelas cheias, além de danos severos em infra-estruturas.
Após o ocorrido, o Governo declarou estado de calamidade por seis meses e mobilizou recursos nacionais e internacionais, incluindo apoio da União Europeia através do Mecanismo da Protecção Civil.
Perante esta situação na “ilha do Monte Cara”, o Governo aprovou um plano de resposta com apoios de emergência às famílias e às actividades económicas, incluindo linhas de crédito bonificadas e verbas a fundo perdido, financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência, criado em 2019.
Um outro acontecimento que representou um marco estratégico na governança climática no país foi o lançamento, no mês de Janeiro, do Cabo Verde Country Climate Development Report (CCDR).
O CCDR é um documento estratégico que identifica vulnerabilidades climáticas e define medidas para sua adaptação, oferecendo directrizes integradas para a sustentabilidade e o desenvolvimento inclusivo do arquipélago.
Em Abril, Mindelo acolheu a Conferência Internacional sobre Alterações Climáticas e Educação Ambiental reunindo especialistas nacionais e internacionais, representantes governamentais e sociedade civil.
A recomendação saída deste encontro tem a ver com a relevância da mitigação, adaptação e integração de saberes locais para enfrentar os impactos climáticos.
Em Novembro, chuvas torrenciais voltaram a causar estragos, desta feita, em Santiago Norte, afectando estradas, habitações, áreas agrícolas e pecuária sobretudo nos municípios de Santa Cruz, São Miguel e Tarrafal, provocando uma vítima mortal e levando o Governo a decretar o estado de calamidade também nesta região.
Para mitigar os impactos destas destruições, o Banco de Cabo Verde (BCV) implementou um programa de assistência de emergência (PAE), disponibilizando uma linha de crédito com taxa de juro de 0,75 por cento (%), até 10 mil milhões de escudos cabo-verdianos, com prazo de reembolso de até cinco anos, através da subscrição de instrumentos financeiros pelas instituições aderentes, para apoiar famílias, empresas e entidades afectadas.
Cabo Verde aderiu à iniciativa global “Alertas Precoces para Todos”, uma acção global das Nações Unidas que tem como objectivo garantir que todas as pessoas estejam protegidas por sistemas de alerta precoce multirriscos, até 2027, que constitui outro marco neste sector em 2025.
O ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, destacou a importância desta iniciativa para o país, defendendo que Cabo Verde precisa estar melhor preparado para enfrentar mudanças climáticas e responder de forma coordenada aos crescentes riscos de desastres naturais.
Estes acontecimentos climáticos que marcaram o sector no país, evidenciam a vulnerabilidade do arquipélago às mudanças climáticas e reforçam a urgência de políticas de adaptação, investimentos em infra-estruturas resilientes e sistemas eficazes de alerta para proteger vidas e bens.
DG/HF
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