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Ilha Brava sem corpo de bombeiros, mas com pessoal formado com capacidade de intervenção - autarca

Atletismo/Santo Antão: Campeonato regional começa a 12 de Maio nas categorias juvenis, juniores e seniores

Cheias fazem 40 mortos e 68 desaparecidos no sul do Brasil

Andebol: Federação realiza sorteio para campeonato nacional masculino e feminino a 08 de Maio  

Futebol/Porto Novo: Dirigente dos Sanjoanenses pede campo relvado na Ribeira das Patas

Liberdade de Imprensa: MpD admite necessidade de melhores medidas de políticas visando superiores indicadores no ranking

Cidade da Praia, 03 Mai (Inforpress) – O Movimento para a Democracia (MpD – poder) admitiu hoje a necessidade de um acompanhamento “próximo” do sector da Comunicação Social, visando melhores medidas de políticas que permitam superiores indicadores no ranking do Índice da Liberdade de Imprensa.

Esta ponderação vem na voz da secretária-geral adjunta do MpD, Vanuza Barbosa, durante uma conferência de imprensa na sequência da publicação do relatório dos Repórteres sem Fronteiras (RSF) que coloca Cabo Verde na posição 41, de um total de 180 países e territórios, com uma pontuação de 72.77, posição essa qu e, segundo a mesma fonte, é “relativamente boa”.

“Há indicadores em que progredimos e outros onde há a necessidade de melhorias. Cabo Verde tem vindo, ao longo dos sucessivos anos, a marcar pontos nos relatórios sobre a liberdade de imprensa, através da adopção de medidas de política, visando uma cada vez maior liberdade e autonomia do sector”, salientou a responsável.

Tendo em linha de conta o carácter dinâmico desses indicadores, Vanuza Barbosa reiterou a necessidade de um acompanhamento permanente e próximo do sector, para se introduzir mais e melhores medidas de políticas que permitam aproximar dos lugares cimeiros.

“Não obstante este último resultado, estamos em crer que muito tem sido feito para se alcançar esse desiderato”, referiu, destacando algumas medidas que o Governo tem introduzido para a melhoria do sector da comunicação social no país.

Dessas medidas, aponta a aprovação dos novos estatutos da Agência Reguladora da Comunicação Social (ARC), aprovação dos novos Estatutos da Rádio e Televisão de Cabo Verde, de 2019, que, conforme disse, conferiram “maior independência” às estações, introdução de um quadro favorável de incentivos ao desenvolvimento da imprensa privada em Cabo Verde, entre outros.

“Estas acções reflectem o nosso compromisso em criar um ambiente propício para o desenvolvimento e aprimoramento da imprensa em Cabo Verde”, sublinhou, renovando, que o MpD está “comprometido” em trabalhar em estreita colaboração com todas as partes interessadas para garantir que a liberdade de imprensa continue a ser protegida e promovida no país.

“Reafirmar, enquanto partido da liberdade e da democracia, o nosso compromisso inabalável para com a liberdade de imprensa, um princípio essencial e fundamental que defendemos fervorosamente, reconhecendo-o como um pilar central de nossa democracia”, concluiu.

SC/HF

Inforpress/Fim

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Ministro do Mar pede a empresas e instituições que ajudem na formação a baixo custo para jovens chefes de família

Mindelo, 03 Mai (Inforpress) - O ministro do Mar pediu hoje, no Mindelo, a empresas, bancos e outras instituições que ajudem a dar formação de baixo custo para jovens chefes de família porque o Estado não tem condições de continuar a oferecer essas formações.

Abraão Vicente fez este apelo após presidir o acto de entrega de certificados a 55 formandos da área marítima, dos quais 28 motoristas e 27 marinheiros, após cinco meses de formação na Escola do Mar (EMar).

“Nós estamos à procura, no mercado, de mais financiamento, mais instituições que financiam não eventos ligados ao mar, não conferências ligadas ao mar, mas que financiam sobretudo a continuação da formação dos jovens que irão fazer a diferença no mercado do trabalho. Infelizmente, o Estado não pode continuar e não tem condições de oferecer essas formações sempre com essa taxa de financiamento”, pediu.

Segundo o ministro, para essas formações, o custo das propinas para cada aluno é de cerca de 130 mil escudos e o Governo financiou quase 100 mil escudos cada um.

Para o governante, isto significa que se o Governo colocar todas as verbas disponíveis no mercado, para o sector do mar, para financiar a formação, terá   praticamente o triplo do número de formados.

Abraão Vicente também apelou aos jovens recém-formados que estejam abertos a sair de São Vicente e a trabalhar em qualquer das ilhas ou a fazer carreiras internacionais.

“Nem sempre a primeira saída ao profissional é uma licenciatura ou um mestrado ou um doutoramento. Muitos jovens precisam apenas ter acesso a uma formação com colocação no mercado de trabalho. E eu creio que este deve ser o foco também de todo o sistema de educação”, considerou o ministro lembrando que "só no ano passado, o Governo, através do Ministério do Mar, assinou sete acordos de parceria e de reciprocidade, permitindo a colocação de jovens formados na área do mar.

CD/CP

Inforpress/Fim

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Metereologia

VÍDEOS

Brava: Câmara inaugura requalificação de estrada e Centro Comunitário da localidade de Braga

Nova Sintra, 04 Mai (Inforpress) - A Câmara Municipal da Brava inaugurou na sexta-feira, 03, a requalificação da estrada e do Centro Comunitário de Braga, uma obra orçada em “mais de 15 mil contos”.

Em declarações à imprensa, o presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, explicou que a população solicitou uma intervenção na estrada de acesso à localidade de Braga, onde a autarquia fez a intervenção e construiu cortinas de proteção ao redor da estrada, no entanto, também fez uma requalificação no Centro Comunitário, principalmente na cobertura.

“A parte da infra-estrutura na estrada conta com cerca de 40 por cento (%) do financiamento governamental e 60 % da câmara municipal, porém a requalificação do Centro Comunitário, ou seja, quase uma renovação deste edifício, isso porque trouxemos mais valências ao espaço, tudo com total financiamento da autarquia”, precisou o autarca.

Segundo Francisco Carvalho, a obra era um pedido antigo da população e a própria câmara tinha o desejo de o concretizar, sendo que hoje a localidade está a festejar a tradicional festa de Santa Cruz e, por isso, aproveitaram e associaram a inauguração da infra-estrutura.

“A sensação é de muita felicidade, pois cumprimos mais uma promessa feita, já no final do mandato”, frisou o presidente da câmara.

A morador da localidade João Baptista Rodrigues congratulou-se com a intervenção na requalificação das obras inauguradas, salientando que não foi apenas a população da zona de Braga que beneficiou, mas sim todas as pessoas que frequentam a mesma.

Por sua vez, Maria Lima, mas conhecida na comunidade como Barbinha, disse estar a sentir uma enorme emoção, com a reabilitação da estrada e do Centro Comunitário, tendo em conta que o edifício estava muito danificado.

Barbinha afirmou ainda que antes o centro era velho e com poucas condições, no entanto realçou que servia a todos e que agora, remodelado, servirá ainda mais e melhor à população.

DM/AA

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África será a região onde mais se vai falar português no futuro - Observatório

Lisboa, 04 Mai (Inforpress) - O fundador do Observatório de Língua Portuguesa, Francisco Ramos, declarou à Lusa que considera que o português será mais falado em África do que no Brasil, futuramente, porque o continente africano é demograficamente mais jovem e está em expansão.

Para Francisco Ramos, o português é uma língua estratégica de comunicação internacional e classifica-a como sendo a quarta língua estratégica mais utilizada - atrás do inglês, mandarim e espanhol - muito graças ao Brasil e a África, cujo crescimento se vai acentuar nos próximos anos.

"O futuro está nas pessoas, nos jovens, por isso está em África, que tem uma população jovem e em crescimento demográfico. Assim, em 2100, como Angola e Moçambique acompanham estes fenómenos, vão impulsionar o número de falantes de língua portuguesa, sendo que essa já é a mais falada no hemisfério sul", disse o fundador do Observatório da Língua Portuguesa (OLP).

De acordo com Francisco Ramos, ter vários modos de se falar a língua é uma vantagem, mas o sistema educativo deve ser reforçado nestes países, "cujo crescimento é muito grande", pois "é com a educação formal de cada país que se pode impor uma correção linguística, que é fundamental".

Todavia, referiu que como segunda língua o português não tem uma grande expressão e que só "as línguas maternas são produtoras de cultura".

O OLP, fundado em 2008, é uma associação "com grande espírito de missão para promover o uso, o estatuto e a imagem da língua portuguesa como língua de comunicação internacional", contextualizou Francisco Ramos.

"Nós, de uma maneira simples, pretendemos fazer 'lobbying' [influenciar]. Nós não somos especialistas, nós socorremo-nos de especialistas, procurando o que há de melhor, e, para isso, temos acordos com a agência Lusa, que é fundamental para uma boa informação sobre a língua portuguesa, e com grandes empresas, nomeadamente a Priberam", disse.  

Além das parcerias com empresas, conta também com a ajuda de "comentadores residentes", como o escritor e professor na área dos Estudos Portugueses Onésimo Teotónio Almeida e o professor Marco Neves, perito na promoção e divulgação de curiosidades da língua nas redes sociais, e com especialistas que trabalham para a correção e o uso correto da língua portuguesa. 

O Dia Mundial da Língua Portuguesa assinala-se em 05 de Maio e o OLP integra "sempre propostas, projetos e atividades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é fundamental" para a disseminação da língua.

O Dia Internacional da Língua Portuguesa foi proclamado pela 40.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em novembro de 2019, e comemora-se este ano pela quinta vez.

O português é a quarta língua mais falada no mundo, por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes. Em 2050, os falantes da língua portuguesa serão quase 400 milhões e em 2100 serão mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas.

O Camões, Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa, tem a responsabilidade de gerir o ensino do português em 76 países e de apoiar o funcionamento de 64 cátedras, 54 leitorados, 19 centros culturais e ainda oito centros de língua portuguesa em todo o mundo.

Inforpress/Lusa

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Atletismo/Santo Antão: Campeonato regional começa a 12 de Maio nas categorias juvenis, juniores e seniores

Porto Novo, 04 Mai (Inforpress) – O campeonato regional de atletismo de Santo Antão vai decorrer de 12 a 26 de Maio nas categorias juvenis, juniores e seniores, em masculino e feminino, anunciou hoje a organização das competições.

Conforme a mesma fonte, o campeonato vai ter as provas de 100, 200, 400, 800, 1.500, 3.000 e 5.000 metros, prevendo-se ainda a realização de provas em salto em comprimento e salto em altura.

A competição acontece em todas as épocas no Estádio Municipal do Porto Novo.

Os atletas santantonenses têm estado a reivindicar a construção de uma pista de atletismo em Santo Antão, considerando que, pelo potencial existente e pelos resultados apresentados pelas escolas de formação na modalidade, a ilha já merece essa infra-estrutura.

Santo Antão dispõe desde Janeiro de duas associações regionais de atletismo, com a criação da associação na zona Sul da ilha, presidida pelo professor da Educação Física Emanuel Santos.

JM/AA

Inforpress/Fim 

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Cheias fazem 40 mortos e 68 desaparecidos no sul do Brasil

São Paulo, 04 Mai (Inforpress) – As chuvas torrenciais que afetam o sul do Brasil estão a provocar hoje alagamentos sem precedentes em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, tendo as autoridades locais bloqueado todos os acessos ao centro histórico da cidade.

Pedindo à população que vive na região que saia para locais seguros, a prefeitura de Porto Alegre comunicou que o centro de Saúde Santa Marta, localizado no centro histórico, fechou às 11:00 (15:00 em Lisboa) devido à cheia do Guaíba, tendo móveis e equipamentos de informática sido levados do piso térreo para os andares superiores do prédio.

Outras quatro unidades de saúde da região central da cidade também foram encerradas.

A Câmara Municipal da capital regional, de 1,3 milhões de habitantes, afirmou que pelo menos 32 ruas ficaram total ou parcialmente bloqueadas devido às enchentes, incluindo a importante avenida Mauá, junto à margem do rio Guaíba.

O volume de água é tão grande que a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul deu conta que a estação hidrometeorológica instalada no Cais Mauá, em Porto Alegre, apresentou problemas na leitura durante a madrugada de hoje.

Os técnicos do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento estão, juntamente com a Defesa Civil, a verificar o nível da água “in loco”.

Segundo os ‘media’ locais, o rio Guaíba, que passa por Porto Alegre, apresenta uma elevação de cerca de quatro metros e meio e aproxima-se do recorde histórico registado em 1941, quando a subida da água no rio chegou aos 4,76 metros.

Imagens do centro de Porto Alegre mostram uma cidade com comércio fechado, vários centímetros de água castanha nas ruas e com os poucos transeuntes usando botas de cano alto.

A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul confirmou na manhã de hoje 31 mortes causadas pela chuva em todo estado, 74 pessoas desaparecidas e outras milhares que foram forçadas a deixar as suas casas, sendo que 7.165 permanecem em abrigos públicos e outras 17 mil em casas de parentes ou amigos.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou quinta-feira a região afetada com vários de seus ministros e prometeu que não faltarão recursos para atender às necessidades básicas da população.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, garantiu, durante o encontro com o Presidente, que o foco neste momento deve ser o resgate de pessoas, algumas das quais tiveram que subir para os telhados de suas casas para ficarem em segurança.

As tempestades no sul do Brasil têm destruído estradas, pontes, provocado desabamentos e alagamentos desde a passada terça-feira. A previsão é de que os temporais vão continuar no fim de semana.

O estado mais ao sul do Brasil tem sido bastante afetado pelas mudanças climáticas. Depois de sofrer problemas com uma forte seca devido ao fenómeno La Niña, no ano passado a região passou a ser afetada pelo El Niño e registou em menos de 12 meses quatro desastres climáticos causados por ciclones extratropicais e tempestades.

Em 2023, três eventos ocorreram em junho, setembro e novembro, causando 75 mortos.

O Rio Grande do Sul, com uma população de 11 milhões de pessoas, tem sido atingido repetidamente no último ano pelo fenómeno climático El Niño, que provoca fortes chuvas no sul do país e seca na região norte e nordeste do país.

Inforpress/Lusa

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ENTREVISTA: Amílcar Cabral era temido pela PIDE que o perseguiu desde estudante em Lisboa – investigador

Lisboa, 04 Mai (Inforpress) – O director da Torre do Tombo considerou que a PIDE temia Amílcar Cabral e as suas relações internacionais, tendo começado a persegui-lo quando ainda estudava em Lisboa e depois como um “dirigente terrorista” que afrontava Salazar.

Entre os cinco milhões de fichas de pessoas seguidas pela polícia política portuguesa, que compõem os arquivos da PIDE, consta o processo de Amílcar Cabral, que tem gerado muito interesse da parte dos académicos que estudam o pensamento do líder africano, considerado o “pai” da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

Em entrevista à agência Lusa, Silvestre Lacerda, diretor da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), responsável pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo, afirmou que o processo de Cabral revela que este começou a ser seguido no início dos anos 50 do século passado, quando ainda era estudante em Lisboa.

Cabral, cujo centenário do nascimento se assinala este ano, começou “a sua atividade política mais intensa na Casa dos Estudantes do Império (CEI)”, destinada a estudantes universitários das ex-colónias portuguesas e que teve entre os seus associados nomes como Agostinho Neto, Lúcio Lara, Joaquim Chissano, Pedro Pires ou Onésimo Silveira, entre muitos outros.

Nesta altura, “a polícia passa a ter uma informação mais detalhada sobre Amílcar Cabral, daquilo que é” e das atividades políticas que desenvolve na CEI, sobretudo com Lúcio Lara, “com quem ele vai ter relações muito próximas e que é um angolano que está na origem da formação do Movimento Popular de Libertação de Angola” (MPLA).

“Ele começa por estudar no Instituto Superior de Agronomia, é agrónomo. Faz estudos em Portugal, nomeadamente em Cuba [Alentejo], mas depois vai para a Guiné e na Guiné faz um trabalho fundamental, que é um cadastro da propriedade e, de alguma maneira, o conhecimento concreto do terreno, que depois lhe vai ser particularmente útil no âmbito das ações que vai desenvolver aquando da guerrilha. Esteve em Angola, regressou à Guiné, regressou a Lisboa e esse é todo um percurso que era acompanhado pela polícia política”, referiu.

“Essa perseguição pode ser demonstrada através da informação da polícia política de Cabinda, de Luanda, de Bissau”, mas também pela “atividade dos embaixadores de Portugal nos diferentes países”.

“Nós temos relatórios dos embaixadores, nomeadamente o embaixador de Portugal em Inglaterra, que relatam ao Governo português quais são as atividades que Amílcar Cabral estava a desenvolver, porque era sempre considerado a denúncia do colonialismo como um insulto à pátria portuguesa”, adiantou.

Segundo o responsável, “a PIDE receava Amílcar Cabral, sobretudo pelas relações que ele rapidamente estabeleceu, nomeadamente com os estrangeiros, em particular com os ingleses”.

Cabral iria, inclusive, usar o pseudónimo de Abel Djassi para “escrever nos jornais ingleses e, de alguma maneira, a internacionalização e a denúncia do colonialismo português, o que naturalmente o regime não estava disponível para ouvir sequer”.

Para Silvestre Lacerda, os agentes da PIDE que seguiam Cabral tinham dele a perceção de ser “um estudioso”. “E esta é uma das caraterísticas com que Amílcar Cabral é reconhecido, quer nacional, quer internacionalmente, como um líder que não se limita às armas, também é capaz de pensar, também é capaz de estabelecer uma estratégia para a independência do território, que, aliás, ele vai desenvolver nos seus escritos”.

“Ele próprio assume uma primeira carta dirigida ao Governo português, antes do início das ações armadas por parte do PAIGC, que estava disponível para negociar com o Governo português desde que a negociação assentasse na Independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde e isso é uma matéria que era inegociável, quer com o presidente do Conselho, António Oliveira Salazar, quer mesmo depois, já com o Marcelo Caetano”, prosseguiu.

A carta consta dos arquivos de Cabral na Fundação Mário Soares, guardiã desta documentação a pedido da família do líder africano, mas nos arquivos da PIDE é tema em algumas expressões que conduzem precisamente ao pensamento de Amílcar Cabral e à sua disposição para negociar, a par do que acontecia desde o final da Segunda Guerra Mundial com as colónias em África, na Ásia e um pouco por todo o mundo.

O trajeto de Cabral como líder do PAIGC e nas reuniões em que participou em Tunes e na Argélia com os outros movimentos de libertação, nomeadamente a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), bem como a constituição de um conselho de coordenação da guerra colonial que tem a designação de CONCP é seguido pelos elementos da PIDE.

“Aí, a polícia vai seguir claramente, tratando-o como um dirigente terrorista - a expressão que é utilizada”.

Para Silvestre Lacerda, os arquivos da PIDE permitem identificar Cabral como “um líder com um pensamento estratégico de independência para o seu país, de uma característica também interessante que é defender que não devia haver exploração do homem pelo homem”.

“Este é, provavelmente, um dos legados de Amílcar Cabral, que não sabemos como é que o iria concretizar, porque foi assinado antes da tomada do poder e antes até da declaração de independência de Guiné, em 1973”, disse.

E também de alguém que não deixou de “chamar a atenção para aspetos que não são fáceis de dizer a quem passa da guerrilha e assume o poder: Que não se deve deixar deslumbrar pelo exercício do poder, mas deve ter em consideração aquilo que é a vontade dos seus concidadãos”.

Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, na Guiné-Bissau, em 12 de Setembro de 1924.

Inforpress/Lusa

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Chefe da diplomacia europeia insiste que Rússia é “ameaça existencial” para a Europa

Londres, 04 Mai (Inforpress) - O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, afirmou hoje que a Rússia representa uma “ameaça existencial” para a Europa porque, se for bem-sucedido, o Presidente russo não vai parar na Ucrânia.

Borrell discursou hoje no Saint Antony's College, na Universidade de Oxford, em Inglaterra, sobre a situação geopolítica mundial e, em particular, sobre os dois conflitos armados a que o mundo assiste: o da Ucrânia e o do Médio Oriente.

No seu discurso, intitulado “A Europa enfrenta duas guerras”, o chefe da diplomacia da UE insistiu na ameaça representada pelo Presidente russo e sublinhou que são cada vez mais as vozes que alertam para as consequências globais de uma vitória russa.

O Presidente russo vê todo o Ocidente como seu adversário e repete-o na televisão estatal russa, acrescentou Borrell, que considera que os europeus não estão preparados para a dureza do mundo para o qual finalmente acordaram.

Borrell citou o politólogo búlgaro Ivan Krastev para dizer que “uma coisa é acordar e outra é encontrar forças para sair da cama".

“Em alguns casos, ainda estamos na cama”, acrescentou, referindo-se à guerra na Ucrânia, e sublinhando a “gravidade do momento atual”.

“E depois veio outra guerra”, com o ataque da organização terrorista Hamas em território israelita em 07 de Outubro e a resposta desproporcionada de Israel, disse.

O chefe da diplomacia da UE afirmou que a terra deve ser “partilhada”, para que palestinianos e israelitas possam viver lado a lado, pelo que é importante encontrar uma solução para o Médio Oriente, disse, salientando que os europeus têm uma forte responsabilidade nessa procura.

Borrell deu como exemplo de esperança o processo de paz na Irlanda do Norte, que parecia impossível de resolver, mas anos de negociações pacientes conduziram ao Acordo de Sexta-feira Santa (1998), que pôs fim ao conflito sectário entre protestantes pró-britânicos e católicos pró-irlandeses.

No entanto, Borrell alertou que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não quer uma solução de dois Estados e que a Europa continua a perguntar-lhe o que é que ele quer para ter uma resposta que evite outra tragédia humana.

Na sua intervenção, o Alto Representante defendeu que, para fazer face à atual situação geopolítica, é necessário diversificar os laços comerciais e aprofundar a cooperação com aqueles que partilham os valores e interesses europeus, citando o Reino Unido, apesar da sua saída da União Europeia.

Realçou ainda que, no mundo atual, há mais confrontos e menos cooperação, com os Estados Unidos a perderem a sua hegemonia, enquanto a China cresceu e é o seu rival.

Ao mesmo tempo, potências médias como a Índia, o Brasil, a Arábia Saudita, a África do Sul e a Turquia estão a emergir como atores importantes na cena mundial, acrescentou.

Entre outros aspetos, indicou que as alterações climáticas não são uma preocupação futura porque já estão presentes, ao mesmo tempo que se verificam mudanças tecnológicas e uma rápida evolução demográfica, em particular em África, onde até 2050 viverá 25 % da população mundial.

Inforpress/Lusa

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