Tarrafal: “Pela via da cultura nós podemos recuperar o que já perdemos e ter um futuro melhor” – Mário Lúcio

02/05/24 14:56

Tarrafal, 02 Mai (Inforpress) – O músico cabo-verdiano Mário Lúcio diz acreditar que através da cultura é possível recuperar o que já foi perdido, mas também lutar para se ter um futuro melhor, após a sua actuação no concerto da liberdade no Tarrafal.

O concerto, realizado na noite desta quarta-feira, no âmbito das comemorações dos 50 anos da Libertação dos presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal, ilha de Santiago, contou com a participação de músicos de quatro países, nomeadamente, Cabo Verde, Angola, Guiné Bissau e Portugal.

Em representação a Cabo Verde, após a sua actuação, Mário Lúcio considerou que a música ainda “pode mudar o mundo”, justificando que no concerto os artistas cantaram pelos que lutaram pela liberdade como forma de honrar os que deram a vida e que essa vida reflecte na liberdade e felicidade de todos.

Esta luta, segundo o artista, foi evidentemente um acto de cultura, pois, segundo o mesmo, ter posição contra a tortura, contra a força que impede o ser humano de ter dignidade são actos de cultura.

Sobre o concerto, evidenciou que os artistas conseguiram pegar na cultura e transformar em algo belo, ou seja, pegaram os livros, os sofrimentos, a forma de estar, tudo o que foi escrito sobre essa prisão e conseguiram cantar e falar, permitindo às pessoas perceberem o que aconteceu e se passou, através da música.

E é neste sentido que defendeu que a cultura tem que estar “sempre à frente” tanto na resistência, como na celebração, exemplificando e demonstrando-se satisfeito com a celebração feita em conjunto, unindo os quatro países. 

“Quem ouve música, quem pratica música como arte no seu todo tem uma serenidade, uma paz de espírito”, considerou, acrescentando ainda que durante o espetáculo não viram ninguém a brigar, demonstrando assim que a “ocupação pela arte, pode mudar o mundo da violência”.

O acto da abertura do concerto esteve a cargo de Teresa Salgueiro, em representação a Portugal, seguido de Paulo Flores de Angola, que fez os presentes sonharem com esperança no amanhã, assente na liberdade.

Em representação da Guiné Bissau Karyna Gomes também cantou aos presos políticos, da chegada à partida do campo, e Mário Lúcio, em representação de Cabo Verde, revisitou a história que caracteriza como a forma de representação simbólica da arte e a realidade dura vivida pelos aprisionados.

O concerto dos artistas da CPLP no quadro dos 50 anos do encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal foi gratuito, promovido pelo artista Mário Lúcio, através da Presidência da República.

MC/ZS

Inforpress/Fim

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