São Filipe: Tamboreiro mais antigo de São Filipe homenageado pelo artista José Pereira “Djudjé” (c/vídeo)

27-04-2024 21:21

São Filipe, 27 Abr (Inforpress) – O tamboreiro mais antigo e uma figura incontornável das bandeiras da ilha do Fogo, Valdomiro Dias, foi homenageado hoje, 27 de Abril, pelo artista plástico José Pereira “Djudjé” com a entrega de um quadro da sua figura.

Valdomiro Dias que nasceu na cidade de São Filipe há 84 anos e está na lide das bandeiras há, pelo menos 70 anos, recebeu das mãos do artista que reside nos Estados Unidos da América o quadro com o seu retrato na presença do presidente da Casa das Bandeiras Henrique Pires e de dois outros artistas plásticos da cidade São Filipe.

José Pereira “Djudjé”, com uma presença regular nas festas do dia do município e da bandeira de São Filipe, com exposições do seu trabalho, disse que o quadro insere-se num desafio que tem para tentar motivar, mas também homenagear os “grandes mestres” da cultura da ilha e das bandeiras, em particular.

Depois da coladeira Idalina, que o artista pintou e entregou o quadro ainda antes da sua morte há dois anos, e no ano passado ter retratado a coladeira Maria Tchuneta, este ano coube ao chefe dos tamboreiros das festas da bandeira de São Filipe Valdomiro Dias.

José Pereira “Djudjé” disse que a homenagem aos “fazedores” da cultura vai continuar e que a ideia é, anualmente, transpor para a tela um elemento do grupo de tamboreiros ou coladeiras até completar o painel com todos os “grandes” da festa da bandeira que, segundo o mesmo, estão a entrar em esquecimento, razão porque não quer deixar a história morrer, através de sua perpetuação nas telas.

Por sua vez, o presidente da Casa das Bandeiras, Henrique Pires, considerou a homenagem como um “gesto bonito”, explicando que o pessoal ligado à bandeira está a entrar numa fase mais difícil que é a idade avançada e é interessante fazer este tipo de coisas antes das pessoas morrerem.

“É um gesto bonito e Valdomiro merece. Não só ele como os demais companheiros que trabalham com ele. Esperamos que os dois pintores presentes (Paulo e Zelito) façam o mesmo para com Valdomiro e outras figuras que fazem parte da cultura da bandeira da ilha do Fogo”, disse Henrique Pires.

Este lembrou que a cultura da bandeira é apenas da ilha do Fogo e todos devem dar cada vez mais forças e valorizar a tradição para torná-la cada vez mais grande, sublinhando que é necessário envolver os jovens para que aprendam as tradições porque com o andar dos tempos pode deixar de existir alguém para dar continuidade à cultura.

Henrique Pires disse que a Casa das Bandeiras tem homenageado as figuras ligadas às bandeiras, sendo o exemplo mais concreto a homenagem prestada à coladeira Idalina em que a Casa das Bandeiras cumpriu o desejo da mesma em termos de realização do funeral.

“Neste momento temos na ilha a campa para colocar no covato de Idalina e esperamos em coordenação com a câmara municipal que ofereceu covato no cemitério de Marcela e que já reparou o referido cemitério, definir uma data para a colocação da campa no seu covato”, disse.

Por sua vez, Valdemiro Dias considerou a doação do quadro por parte do artista José Pereira “Djudjé” como uma “grande honra e alegria”, mas salientou que a doação do quadro deve também ao trabalho da Casa das Bandeiras e do seu presidente Henrique Pires que sempre lutou para a preservação das tradicionais festas das bandeiras.

“Ficamos agradecidos por tudo aquilo que foi feito para o grupo de coladeiras e tamboreiros”, disse Valdomiro Dias que apesar dos seus 84 anos ainda continua com boa memória relativamente às tradições ligadas às festas das Bandeiras.

À semelhança dos anos anteriores, Valdomiro Dias e os demais membros do seu grupo iniciou na tarde do dia 27 o pilão, o ritual que marca as festas da bandeira de São Filipe e que consiste na preparação do milho para a confecção do xerém-de-festa, prato obrigatório no almoço de cavaleiros e convidados.

O pilão que começa com aviso aos tamboreiros e coladeiras através de foguetes consiste em triturar o milho e o momento é acompanhado pelo rufar dos tambores e canções apropriadas (coladeiras).

JR/HF

Inforpress/Fim

Notícias Recentes


10-05-2024 17:40
10-05-2024 17:49
10-05-2024 17:42
10-05-2024 17:20
10-05-2024 17:40