Antigo preso político angolano defende criação de associação plurinacional de antigos presos políticos
Antigo preso político angolano defende criação de associação plurinacional de antigos presos políticos
Cidade da Praia, 02 Mai (Inforpress) - O antigo preso político angolano do Campo de Concentração de Tarrafal Justino Pinto de Andrade defendeu hoje, na cidade da Praia, a criação de uma associação plurinacional de antigos presos políticos que sobreviveram ao sistema.
Justino Pinto de Andrade falava à imprensa, no final de uma visita de cortesia que os antigos presos políticos angolanos efectuaram esta quinta-feira ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Após o encontro, manifestou-se satisfeito com a realização das actividades de celebrações dos 50 anos do encerramento do antigo Campo de Concentração do Tarrafal, tendo realçado que após 50 anos de encerramento do campo, o sentimento é de alegria.
Salientou que a comunidade angolana presa no Campo de Concentração do Tarrafal foi uma comunidade muito sofrida e muito variada, isto porque, justificou, começou a funcionar com uma geração que entrou em 1962 e terminou com a geração que terminou em 1970.
“Houve também os guineenses, que vieram praticamente em blocos, e depois temos os cabo-verdianos. Quando cá chegamos encontramos quatro presos cabo-verdianos na Caserna 3 e depois foram se juntando outros presos cabo-verdianos”, lembrou, referindo que há registos de cabo-verdianos que foram enviados para cumprir pena em Angola.
No que se refere ao número dos presos políticos sobreviventes, apontou que de Portugal não há sobreviventes, Guiné-Bissau tem quatro e Angola 12, ressaltando que Cabo Verde tem mais sobreviventes devido à idade com que os presos foram para o campo e por não se ter envolvido na luta.
Justino Pinto de Andrade destacou a importância de criação de uma associação plurinacional de antigos presos políticos envolvendo os sobreviventes vivos de cada país africano da lusofonia e que estiveram presos no Campo de Concentração do Tarrafal.
“Seria uma boa ideia, porque dos 100 e tal angolanos somos 12 sobreviventes. É evidente que não devemos englobar os portugueses porque já desapareceram todos, mas há quatro guineenses e muitos cabo-verdianos, portanto eu penso que os sobreviventes de parte a parte podem, perfeitamente, criar uma associação mais plurinacional do que aquelas que existem em cada um dos países”, defendeu.
CM/CP
Inforpress/Fim