Brasília, 09 Jul (Inforpress) – O Ministério das Relações Exteriores brasileiro convocou hoje o mais alto representante dos Estados Unidos em Brasília na sequência de uma nota de apoio da embaixada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, disse à Lusa fonte do Itamaraty.
De acordo com a mesma fonte, o diplomata convocado é o encarregado de negócios dos Estados Unidos, Gabriel Escobar.
Horas mais cedo, a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília divulgou uma nota a posicionar-se a favor de Jair Bolsonaro, tal como o Presidente norte-americano, Donald Trump, havia feito na segunda-feira.
“Jair Bolsonaro e sua família têm sido fortes parceiros dos Estados Unidos. A perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil. Reforçamos a declaração do presidente Trump”, lê-se.
Na segunda-feira, último dia da cimeira dos BRICS e após novas ameaças de Donald Trump de impor uma tarifa aduaneira adicional de 10% aos países que "alinharem" com o bloco, o Presidente dos Estados Unidos disse que o Brasil está a tratar "de uma forma terrível" o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, acusado pela justiça brasileira por tentativa de golpe de Estado.
"Eu vi, tal como o mundo, como eles não fizeram mais do que persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano. Ele não é culpado de nada, exceto de lutar pelo povo!", escreveu na sua rede social Truth.
A resposta não se fez esperar e poucos minutos depois, a presidência brasileira frisou que o país não aceita "interferência ou tutela de quem quer que seja", depois do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter dito que o Brasil está a fazer "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro.
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja", lê-se numa nota à imprensa assinada pelo Presidente brasileiro, Lula da Silva.
"Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", acrescentou o chefe de Estado brasileiro.
O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro é acusado de uma tentativa de golpe de Estado que terá planeado contra Lula da Silva após perder as presidenciais de 2022.
No dia 08 de Janeiro de 2023, um grupo de radicais, apoiantes de Jair Bolsonaro, influenciados por meses de desinformação sobre urnas eletrónicas e medo do comunismo, invadiram e atacaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, num ataque semelhante ao sucedido em 06 de janeiro de 2022 nos Estados Unidos.
A 27 de Junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil deu por concluída a instrução do processo contra o ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado.
O STF informava também que o juiz relator do caso, Alexandre de Moraes, determinou a intimação das partes para apresentarem as alegações finais, a última etapa na tramitação do processo, antes do seu julgamento.
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