Santiago Norte: Dia Internacional das Meninas nas TIC assinalado com ‘conversa aberta’

25-04-2024 17:01

Assomada, 25 Abr (Inforpress) - O Dia Internacional das Meninas nas TIC- Tecnologias de Informação e Comunicação comemorado hoje, foi assinalado em Santiago Norte com uma ‘conversa aberta’ direccionada aos adolescentes e jovens.

A ‘conversa aberta’ foi organizada pela Nações Unidas, através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – em parceria com as Universidades de Santiago e de Cabo Verde e o Liceu Amílcar Cabral e decorreu em Assomada, no Campus da Universidade de Santiago, onde três mulheres ligadas a área das ciências partilharam os seus desafios e conquistas com os alunos, docentes e a comunidade em geral.

Uma das oradoras, Ani Pereira, contou que ela desde sempre teve essa estrutura familiar em casa, o que lhe possibilitou direccionar toda a energia da curiosidade para a ciência, mas diz estar ciente e consciente de que nem todas as crianças, adolescentes e principalmente meninas têm essa estrutura que lhes permite canalizar toda essa energia à ciência.

Entretanto, defendeu que quem não tem essa estrutura tem também o direito de fazer ciência e cabe agora às instituições educacionais, professores, principalmente, servirem como esse contrabalanço para inspirar e acolher essas meninas.

“Cabe às instituições do ensino superior disponibilizar bolsas de estudos para que essas meninas e adolescentes em geral conseguem canalizar essa energia para a ciência e a sociedade em geral, o Governo, as Nações Unidas, têm esse papel de direccionar, canalizar e financiar as pessoas que não têm estrutura familiar a seguirem também para a ciência”, sustentou a jovem mulher da área da ciência e tecnologia.

Quanto ao mercado de trabalho nas áreas da ciência e tecnologia, a mesma fonte considerou que hoje em dia é possível ver que há muito mais meninas no contexto universitário, e que aqui em Cabo Verde tem-se verificado o fenómeno da diminuição de rapazes nas áreas das ciências e tecnologias e o aumento do número de mulheres no contexto da academia, mas não é o que se verifica no contexto profissional. 

Neste sentido, diz entender que isto tem muito a ver com a questão de as empresas priorizarem o género masculino, considerando que “as mulheres acabam sempre por serem penalizadas por causa de questões familiares, de ser o centro da família, exige muito da energia feminina em casa e as empresas conseguem jogar com isso e priorizar sempre quadros masculinos”.

“É triste [a situação] e temos que pensar cada vez mais em formas de resolver essa situação entre quadros femininos e masculinos nas áreas da tecnologia”, considerou Ani Pereira, reforçando que a ciência, a inovação, a tecnologia, são todas palavras femininas e a mulher traz muito para essas áreas e “tem tudo a ver e muito a agregar nas questões da ciência, tecnologia e inovação”. 

Por seu turno, o chefe do Departamento de Ciências da Educação, Filosofia e Letras (DCEFL), da Universidade de Santiago, Luís Rodrigues, reconheceu que as universidades possuem “um papel muito importante” à volta deste debate e na incentivação das meninas e mulheres para as áreas das ciências e tecnologias, realçando que o papel das universidades é ensinar e formar, mas que promover debates do tipo promovem “igualdade, justiça social, uma comunidade e uma sociedade melhor”.

Daí, explicou o objectivo das jornadas do departamento que se iniciaram no dia 24 e terminam hoje, mas também desta ‘conversa aberta’, justificando que na universidade em específico, cerca de 70 por cento (%) dos alunos são mulheres, mas ao ver para as áreas da ciência e tecnologia esses dados quase se invertem, pois somente cerca de 30% de mulheres se encontram nessas áreas e o outro restante para os homens.

“Se por um lado as mulheres em Cabo Verde têm acesso ao ensino superior, este acesso ainda é muito desigual nas áreas que frequentam e é algo que juntamente com outras instituições e a sociedade como um todo temos de tentar resolver”, finalizou. 

Já o representante residente do PNUD, David Matern, destacou que a nível internacional, somente 30% das cientistas no âmbito da ciência em tecnologia, engenharia e matemática são mulheres, considerando assim que “há um problema de desigualdade de género a nível internacional”.

Para David Matern, partilhar momentos de ‘conversas abertas’ na academia, onde cientistas mulheres falam do percurso, demonstram à nova geração de alunas a possibilidade de trabalhar nas áreas da ciência e tecnologia “é muito bom”.

Disse que Cabo Verde se encontra num “bom caminho” para o desenvolvimento sustentável, realçando que há ganhos alcançados, nomeadamente nas áreas da saúde, educação, mas que para atingir as metas do desenvolvimento é preciso eliminar a desigualdade do género, não somente no âmbito das ciências, tecnologia, mas também no na política e na economia.

Este responsável reforçou o compromisso de que o escritório do PNUD, UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) e UNICEF estão ao lado do Governo e da sociedade cabo-verdiana para atingir as metas do desenvolvimento sustentável. 

MC/CP

Inforpress/Fim

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