Cidade da Praia, 08 Jul (Inforpress) – O secretário nacional para a Acção Climática considerou hoje que as mudanças climáticas têm “rosto feminino” no país, pois as mulheres são as mais afectadas pelos impactos climáticos e lideram os processos de adaptação e resiliência.
Alexandre Rodrigues fez esta declaração durante o fórum nacional sobre género e mudanças climáticas, promovido pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), no âmbito do Plano Anual de Operacionalização do Programa Acção Climática, financiado pela Cooperação Luxemburguesa e realizado em parceria com o Ministério da Agricultura e Ambiente.
Em representação do ministro da tutela, Alexandre Rodrigues associou a sua intervenção ao espírito de celebração dos 50 anos da independência de Cabo Verde, ao mesmo tempo que traçou “um panorama preocupante” sobre a vulnerabilidade do arquipélago face às mudanças climáticas.
Conforme dados do índice ND-GAIN, Cabo Verde ocupa a 95.ª posição em vulnerabilidade climática e a 67.ª em capacidade de adaptação, entre 187 países avaliados.
“Isso revela que a resiliência construída não chega a todos de forma equitativa”, alertou.
Segundo o secretário nacional, essas desigualdades atingem sobretudo as mulheres rurais, que representam 66 por cento (%) das unidades de produção informal e são chefes de lares onde se concentra 43% da pobreza extrema no país.
“Essas mulheres não são vítimas passivas, são agentes de resiliência que inovam mesmo com recursos limitados”, afirmou.
O estudo apresentado durante o fórum recolheu dados em cinco municípios, designadamente Ribeira Brava, Mosteiros, Praia, Boa Vista e São Vicente.
Recomendou a adoção de medidas como a criação de um Plano Nacional de Acção Climática sensível ao género, a disponibilização de microcréditos verdes para mulheres empreendedoras, o incremento de dados desagregados por género e o fortalecimento da participação feminina nos órgãos de decisão.
Alexandre Rodrigues realçou que o Secretariado Nacional para a Acção Climática garante a coordenação técnica e a transparência do processo, enquanto o Conselho Interministerial, presidido pelo primeiro-ministro, define as grandes diretrizes políticas.
Durante a sessão, a presidente do ICIEG, Marisa Carvalho, enfatizou que fenómenos climáticos extremos, como secas e cheias, não afectam a população de forma uniforme, agravando desigualdades preexistentes e aumentando os riscos de violência e insegurança alimentar para mulheres e meninas.
O secretário nacional exortou à implementação de acções concretas, reiterando que a transição climática deve estar necessariamente acompanhada de justiça social.
“Não haverá desenvolvimento sustentável se metade da população for excluída dos processos decisórios e das oportunidades económicas. A justiça climática começa em casa e em cada ação que tomamos”, concluiu.
KA/SR//AA
Inforpress/Fim
Partilhar