Cidade da Praia, 20 Mar (Inforpress) – A psicóloga e coordenadora do Programa Nacional de Saúde dos Adolescentes, Belmira Miranda, disse hoje que ainda há muitos estereótipos sobre a ida dos adolescentes aos centros de saúde, o que acaba por inibir a procura pelos cuidados.
A responsável falava no quadro da jornada da psicologia realizada pela Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, no âmbito dos “dias abertos”, na qual foi convidada a apresentar a experiência dos espaços específicos para os adolescentes aos cuidados primários de saúde.
Belmira Miranda adiantou que o Programa Nacional de Saúde dos Adolescentes, cujo objectivo é oferecer cuidados integrais de saúde, visando uma sociedade saudável, iniciou com primeiro espaço no centro de Tira Chapéu, na cidade da Praia, e desde então foram criados espaços específicos aos adolescentes em todas as ilhas com excepção da Brava.
“Levando em conta as características deles para realmente adoptarem estilos de vida mais saudáveis, criamos espaços que sejam acolhedores, onde possam estar à vontade, interagir com profissionais, ter acesso a informações, ter atenção de qualidade para que possam adoptar comportamentos seguros e que sejam mais saudáveis”, explicou.
A procura por esses espaços, normalmente integrados nos centros de saúde, tem aumentado paulatinamente, mas a psicóloga adianta ainda que há muitos estereótipos sobre a ida aos centros de saúde, particularmente em determinadas realidades.
“Há ainda muito receio que vão ao centro de saúde por questões mais de saúde reprodutiva. E nós temos estado a trabalhar neste sentido. Que são utentes do sistema e precisam de uma abordagem integral para a atenção, do ponto de vista de saúde mental, da nutrição, da saúde sexual e reprodutiva. Então, a ideia é realmente que possam procurar para terem estilos mais saudáveis”, explicou.
A coordenadora adiantou ainda que para atingir da melhor forma o seu público-alvo, o programa tem se deslocado às escolas secundárias, divulgando as informações e informando os alunos da existência desses espaços dos cuidados que poderão ter acesso e dos profissionais que estão lá realmente para os atender e orientar.
E face a alguns casos de suicídio no seio dos adolescentes registados ultimamente, e porque o país está num ano declarado como “ano da saúde mental”, a psicóloga alerta para a mudança de comportamento e aconselhou os familiares, os professores, a estarem atentos e aos próprios adolescentes que solicitarem a ajuda de especialistas sem qualquer receio.
“Pedimos a atenção das famílias aos comportamentos, dos professores nas escolas, de todo o grupo e toda a rede de conexões do adolescente, para que realmente observem e tenham atenção qualquer mudança para se procurar ajuda sem qualquer problema, as pessoas para procurarem ajuda, para procurarem os cuidados de saúde”, aconselhou.
Durante a sua explanação a coordenadora do Programa Nacional de Saúde dos Adolescentes assinalou a redução da gravidez nas adolescentes ao longo dos anos.
Contudo, defendeu a necessidade de um trabalho conjunto com a participação das organizações não-governamentais (ONG), das famílias e das escolas para que haja uma redução gradual da gravidez na adolescência.
“Tem que ser uma assunção de toda a comunidade, para que, realmente, nós possamos, e, como eu disse, a tendência tem sido uma diminuição gradual ao longo dos anos”, acrescentou.
Os “dias abertos” na Universidade Jean Piaget, com duração de uma semana, são realizados todos os anos no mês de Março e este ano, por ser o ano da saúde mental, a universidade também se associou à iniciativa, conforme explicou a directora da Unidade de Área de Saúde, Ana Moniz.
MJB/CP
Inforpress/fim
Partilhar