Cidade da Praia, 20 Nov (Inforpress) – Os deputados infanto-juvenis, reunidos na sessão plenária do Parlamento Infanto-juvenil, apresentaram hoje recomendações para combater o cyberbullying e melhorar a saúde mental nas escolas.
Durante a sessão de encerramento realizada na Biblioteca Nacional da Praia, os jovens parlamentares destacaram os desafios enfrentados pelas crianças e adolescentes do país, com ênfase no aumento do cyberbullying, da violência escolar e das questões de saúde mental no ambiente educativo.
Os deputados iniciaram a sessão sublinhando os avanços na prevenção do cyberbullying e na promoção de uma maior consciencialização sobre a saúde mental, mas alertaram que os problemas persistem.
"Ainda enfrentamos altos índices de violência no contexto escolar, principalmente na forma de cyberbullying, e a falta de apoio psicológico adequado nas escolas é um problema crítico", afirmou João Cardoso, um dos deputados infanto-juvenis.
O grupo de jovens parlamentares reconheceu o esforço do Governo e da sociedade, mas também destacou uma série de lacunas que comprometem a plena efectivação dos direitos das crianças e adolescentes em Cabo Verde.
Nomeadamente, a falta de formação adequada para os professores e pais no combate ao bullying digital, a escassez de psicólogos nas escolas e a ausência de estratégias eficazes para lidar com os transtornos mentais entre os estudantes.
Entre as principais recomendações apresentadas pelos deputados, destacaram a necessidade de reforçar a formação de pais e encarregados de educação para lidar com questões como cyberbullying e saúde mental.
"Professores, pais e encarregados de educação têm falta de experiência para lidar com problemas ligados ao cyberbullying e à violência digital", acrescentou o deputado.
Os deputados sugeriram a inclusão das disciplinas de Formação Pessoal e Social (FPS) e de Educação Digital e Cidadania Online nas escolas, para consciencializar os jovens sobre os perigos da internet e promover comportamentos responsáveis no ambiente virtual.
Além disso, os deputados pedem a criação de métodos mais eficazes e atractivos para abordar o tema da saúde mental, como palestras e actividades interactivas, tendo em conta o desinteresse dos adolescentes e jovens em assistir a palestras.
Também foi sugerida a criação de mecanismos de sensibilização dos pais para uma abordagem educativa mais atractiva e de proximidade para com os filhos, de forma a quebrar o tabu existente na educação por punição.
Foi ainda destacada a importância de uma maior atenção por parte dos pais, familiares e professores, de modo a evitar comportamentos ou atitudes que possam influenciar a prática do bullying de forma transversal.
Segundo João Cardoso, é urgente a criação de gabinetes de apoio psicológico nas escolas e garantir que os alunos tenham acesso a profissionais qualificados para lidar com questões emocionais e psicológicas, especialmente considerando o aumento de casos de transtornos como depressão e ansiedade entre os estudantes.
O grupo de deputados também levantou preocupações sobre a falta de empatia de alguns alunos, professores e até pais em relação aos problemas enfrentados pelos estudantes.
A situação, segundo eles, tem levado a um aumento de casos de transtornos mentais, com consequências graves, incluindo o risco de suicídio entre os jovens.
Com um espírito de urgência, os deputados infanto-juvenis pediram que as autoridades de Cabo Verde priorizem a efectivação dos direitos das crianças e adolescentes, especialmente no que diz respeito à protecção contra o cyberbullying, à promoção da saúde mental e à criação de um ambiente escolar seguro e acolhedor.
"Precisamos que cada criança tenha os seus direitos garantidos. A situação precisa de mais do que palavras, precisa de acções concretas", afirmou João Cardoso.
As recomendações foram formalmente entregues à secretária de Estado da Inclusão Social, Lídia Lima, com a esperança de que, com a mobilização de todos os sectores da sociedade, seja possível garantir um futuro mais seguro, saudável e igualitário para as crianças e jovens cabo-verdianos.
JBR/ZS
Inforpress/Fim
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