Mindelo, 27 Out (Inforpress) - A Liga Cabo-Verdiana Contra o Cancro em São Vicente defendeu hoje a criação de um programa de rastreio do cancro de mama nos serviços públicos de saúde para que pessoas com poucos recursos tenham diagnóstico e tratamento rápido.
Esta ideia foi avançada à Inforpress pela representante da Liga Cabo-Verdiana Contra o Cancro (LCCC), em São Vicente, Adelaide Delgado, a propósito da 14ª edição da caminhada rosa, que marca o fim das actividades de sensibilização contra o cancro de mama neste mês.
Segundo a responsável, infelizmente, ainda em Cabo Verde não se faz o despiste de cancro de mama e grande parte dos casos tem sido de mulheres ou de pessoas que têm consciência de que o cancro é um problema e por iniciativa própria procuram ajuda com antecedência.
“O problema é o acesso a todas as mulheres mais carenciadas e que moram mais longe, por isso não se fala na igualdade e chance de chegar lá. Porque muitas das vezes tem, e como não fazemos esse rastreio, ninguém vai chamar a mulher para fazer. Só quando ela sentir alguma coisa ou se alguém falar nesse assunto é que ele procura ajuda”, explicou a mesma fonte, para quem se tivesse um programa de rastreio toda a mulher que faz 40 anos faria a mamografia.
Por isso, Adelaide Delgado diz esperar brevemente que Cabo Verde tenha esse programa para conseguir fazer rastreio de cancro de mama. Isto porque, explicou, quando se faz um rastreio consegue-se detectar um cancro de mama precocemente e cerca de 90 por cento (%) destes doentes têm cura e o tratamento é muito mais suave, sem grandes custos e a mulher vive.
Mas, acrescentou, se for detectado mais tarde o tratamento é mais prolongado, é mais agressivo e muitas das vezes já está numa fase terminal em que não há nada mais para oferecer.
Daí, esclareceu, a LCCC frisar em todas as suas caminhadas com letras garrafais nas suas faixas que mamografia não é um luxo, mas sim um direito.
“Há anos que estamos a batalhar por isso. Continuamos a reafirmar que mamografia não é um luxo, é um direito que assiste a todas as mulheres, sejam cabo-verdianas ou não, porque, de facto, é um meio de diagnóstico, é um exame que permite diagnosticar precocemente cancro de mama”, clarificou.
Instada a reagir sobre o facto de neste momento o Hospital Baptista de Sousa estar sem mamógrafo, Adelaide Delgado disse que não sabe do que se passa no hospital, por se encontrar em gozo da reforma, mas tem consciência de que boa parte da população cabo-verdiana não consegue ter acesso a mamografias.
“Eu sei que há nos privados, mas nem sempre os custos estão acessíveis a nossa população que todos sabemos tem um vencimento mínimo”, afirmou.
Segundo a responsável da LCCC, a liga tem realizado ao longo do ano e durante este mês de Outubro campanhas e actividades de sensibilização sobre a problemática de cancro de mama para que possam ter consciência de que é uma realidade que atinge grande parte da população mundial e também de Cabo Verde.
Neste sentido, explicou que o estilo de vida, com alimentação saudável, não uso do tabaco, beber com moderação e prática de exercícios físicos, é a primeira linha de autoprotecção contra o cancro.
Apesar disso, reconheceu que existem outros factores, que potenciam o aparecimento do cancro, que a pessoa não consegue modificar como a idade e a carga genética.
Este ano a 14ª edição da Caminhada Rosa partiu da sede da liga, no largo do Hospital Baptista de Sousa, passou pela Avenida 12 de Setembro, Rua 1 de Monte Sossego, Esquadra da Polícia em Monte Sossego, Avenida Abílio Duarte, Avenida John Miller, Praça Estrela, Ria de Praia, Avenida Marginal até à Praia da Laginha.
CD/CP
Inforpress/fim
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