Cidade da Praia, 21 Fev (Inforpress) - O bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde (OMCV) disse hoje que o protocolo de cooperação existente com Portugal para transferência de doentes precisa ser reformatado, com vista a redução do período de espera dos doentes.
Danielson Veiga falava à imprensa no final de um encontro que manteve hoje com o Provedor de Justiça, José Carlos Delgado, na cidade da Praia.
Segundo disse, a reunião baseou-se fundamentalmente no levantamento de questões relacionadas com “a dignidade e a justiça” dos cidadãos, mas também com a montagem de um plano de protocolo de cooperação entre as duas entidades.
“Durante este encontro abordamos vários assuntos relacionados com a junta médica e a transferência de doentes, tanto interno como externo, sobre os serviços do Hospital Agostinho Neto, que tem a ver com a morosidade das consultas e dos procedimentos cirúrgicos”, apontou.
Em cima da mesa, prosseguiu, estiveram a conversar também sobre a carreira médica, a formação, capacitação, especialização dos médicos, a parceria público-privada e todo o seu benefício para o sistema de saúde, que disse estar ainda em atraso, de entre várias outras preocupações como a questão do INPS, a digitalização dos serviços da saúde, e a inscrição dos médicos na Ordem.
“Em relação a transferência de doentes tanto nacionais como também externos concluímos que em Cabo Verde ainda nós praticamente transferimos doentes para Portugal, com quem existe um protocolo”, afirmou, avançando que quando se trata de doentes oncológicos estes às vezes ficam “mais de seis meses à espera” de uma vaga para serem deslocados.
Danielson Veiga disse entender que a junta faz a sua parte, defendendo, por isso, que este protocolo de cooperação existente com Portugal precisa ser reformatado, discutido, ouvindo opiniões também de técnicos portugueses para se tentar criar um programa “mais justo” para um doente à espera de uma oportunidade de sobrevivência.
“Sabemos que a ministra da Saúde tem anunciado a possibilidade de transferência de doentes para Senegal, para Marrocos e Egipto, por exemplo, e eu penso que a ideia não é má, mas sabemos que de certeza esses países não vão querer receber os nossos doentes de borla”, alertou.
Entretanto, o bastonário sugeriu que se pense mais na formação e capacitação com vista ao aumento de mais especialista para que o doente tenha tratamento próprio aqui em Cabo Verde.
“É possível, já temos seis hospitais, dois centrais e quatro regionais, mas o número suficiente de especialistas não temos. Em Cabo Verde temos quase 60 por cento (%) de médicos que são clínicos gerais que não têm uma especialidade”, revelou, considerando que a maior prenda que se pode oferecer a um médico clínico geral é uma especialidade para prestar cuidados especializados a um doente.
Quanto à transferência interna de doentes, o bastonário manifestou preocupação com a “grave situaçãoW dos transportes tanto terrestre, aéreo como marítimos na deslocação de doentes para cuidados, afirmando que até serem transferidos estes às vezes podem correr riscos de vida, até porque, ressaltou, não há ainda um serviço de atendimento pré-hospitalar.
Por seu lado o Provedor de Justiça, José Carlos Delgado, sublinhou que a intenção do encontro foi trabalhar para possível estabelecimento de um protocolo em data a ser indicada, de forma a haver uma assessoria técnica especializada na Ordem dos Médicos, tendo em conta as queixas que tem recebido em matéria da saúde, visando a melhoria dos cuidados.
ET/AA
Inforpress/Fim
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