São Filipe, 18 Out (Inforpress) – O Dia Nacional da Cultura, assinalado hoje, é celebrado em São Filipe com o lançamento do livro “Instauração do Salazarismo em Cabo Verde - Repressão Como Meio de Silenciar os Opositores”, do autor Manuel António Amado.
Amado é professor da disciplina de História/Cultura Cabo-verdiana na Escola Secundária Dr. Teixeira de Sousa, e a obra resultou da tese de dissertação de Mestrado defendida em 2019, na Universidade Nova de Lisboa (Portugal).
O lançamento do livro “Instauração do Salazarismo em Cabo Verde - Repressão Como Meio de Silenciar os Opositores 1926 – 1929” acontece às 18:00 no Centro Cultural Armand Montrond e a apresentação é feita pelo procurador Nelson Vaz e moderado pelo comandante regional da Polícia Nacional, Fernando Tavares.
O livro explora o período de instauração do regime salazarista em Cabo Verde, com destaque para a repressão como ferramenta para silenciar opositores políticos, um tema de “grande relevância” para a história contemporânea do país, mas que é pouco trabalhado em Cabo Verde, sobretudo a nível político, ressaltou o autor. em declaração à Inforpress.
“O livro está estruturado em quatro capítulos. O primeiro aborda a antecedência do salazarismo em Cabo Verde com destaque para a República e o fim da República que foi de forma prematura e um pouco da ditadura militar anterior a 1926”, disse Manuel António Amado.
O segundo capítulo aborda a implantação do salazarismo em Cabo Verde, o terceiro sobre os meios repressivos utilizados para impor o regime e o quarto e último capítulo que foi acrescentado à tese de dissertação que tinha limitação de página e tem como título “Amadeu Gomes de Figueiredo – o governo grego e troiano”.
Segundo o autor, este capítulo, que foi acrescentado, leva este subtítulo porque embora era difícil, na altura, agradar a população e o regime, Amadeu Gomes de Figueiredo agradou tanto a população como o regime e “não houve assim tanta contestação nem de uma nem de outra”, apesar de uma ou outra contestação como o caso de Baltazar Lopes da Silva.
Segundo o autor, trata-se de um trabalho científico e de investigação e ressaltou que a investigação foi feita mais em Portugal porque é difícil encontrar documentação em Cabo Verde.
“É mais fácil encontrar documentação em Portugal, no Arquivo Histórico Ultramarino ou na Torre do Tombo. O grande problema em Cabo Verde para quem quiser fazer um trabalho de investigação de qualidade, a nível de história, tem de se deslocar a Portugal”, lamentou o autor, que sublinhou que o livro aborda todas as ilhas de Cabo Verde.
Apesar da dissertação ter ocorrido em 2019, o autor referiu que só agora foi possível a edição da obra, porque, explicou, depois veio a covid-19 e também era necessário mobilizar alguns patrocínios que ainda não foram muito significativos.
Além do lançamento da obra, que é feita em parceria com a câmara de São Filipe, está programado um sarau cultural, que enriquecerá ainda mais a celebração do Dia Nacional da Cultura.
Por isso, a edilidade convida toda a comunidade a participar neste evento, que promete ser uma “reflexão profunda” sobre a história e a cultura do país.
JR/AA
Inforpress/Fim
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