Santo Antão: Estádio João Serra vai ter intervenção de fundo com pista de atletismo

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Santo Antão: Estádio João Serra vai ter intervenção de fundo com pista de atletismo
14/08/25 - 12:38 pm

Ribeira Grande, 14 Ago (Inforpress) – O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Armindo Luz, anunciou hoje uma “transformação geral” no Estádio João Serra, em Ponta do Sol, que vai incluir a construção de uma pista de atletismo e intervenções estruturais “profundas”.

Em declarações à Inforpress, Armindo da Luz admitiu que o relvado “não está em condições de realizar competições” e sublinhou que a intervenção “não será apenas a substituição da relva, mas uma obra de fundo” para modernizar um recinto “antigo e com várias limitações”, mas sem indicar quando as obras terão início.

Segundo o autarca, enquanto a requalificação não avança, a época desportiva arrancará no campo de Coculi, que receberá o relvado retirado do Estádio Nacional e será vedado para acolher jogos oficiais.

“O espaço vai também funcionar como campo de treino, a par de dois campos de terra a inventariar”, revelou.

Armindo Luz assegurou que a zona norte de Santo Antão está prestes a viver “uma grande viragem” no desporto, com obras estruturantes e novas infra-estruturas.

O estádio do Tarrafal, em construção, deverá estar concluído até finais de Fevereiro de 2026, enquanto o estádio do Paul também está a ser edificado, mas não ficará pronto para o início da próxima época.

Segundo o presidente, no próximo ano a região deverá dispor de “dois estádios e um campo para treinos”, criando condições para aumentar a participação dos clubes e garantir apoio logístico e de transporte.

Nos finais de Julho, o presidente da Associação de Futebol da Região Norte de Santo Antão (AFRNSA), Hermes Pinto, anunciou que os clubes da região decidiram, por unanimidade, não participar na época desportiva 2025/2026 caso o relvado do Estádio João Serra não fosse substituído.

A decisão, classificada como “firme”, resultou do estado avançado de degradação do único recinto desportivo da Região Norte que, segundo o dirigente, “há muito deixou de reunir condições para a prática segura do futebol”.

Hermes Pinto recordou que, desde Abril, quando terminou a época 2024/2025, a associação alertou as autoridades para o problema.

“Três meses depois, nada foi feito. O estádio está igual ou pior”, afirmou, acrescentando que a situação já provocou várias lesões em atletas, incluindo problemas na coluna vertebral.

Em Maio, uma equipa da Federação Cabo-verdiana de Futebol, após vistoria, concluiu que o Estádio João Serra “não oferece condições mínimas” para a prática da modalidade.

O presidente da AFRNSA exigiu uma resposta clara do Governo e das câmaras municipais da Ribeira Grande e do Paul.

“Estamos cansados de promessas. Queremos acção. Os nossos jovens merecem dignidade e condições iguais às de outras regiões do país”, sublinhou.

Embora a época esteja prevista para arrancar a 01 de Outubro, a associação admite adiar o início para Novembro ou Dezembro, desde que a substituição do relvado avance de imediato.

A posição foi reforçada por dirigentes de clubes, nomeadamente, Lenine Brandão, do Solpontense, que afirmou que a decisão de não disputar a próxima época “é definitiva”, lembrando que “o futebol da região norte tem dado provas de qualidade, mesmo sem igualdade de condições”.

Já Arnaldino Momone, presidente do Santo Crucifixo, acusou a Câmara Municipal da Ribeira Grande de “abandonar” os clubes.

“Há dois anos que não recebemos subsídios. Só em transportes gastamos cerca de 90 contos por mês. Se não houver condições mínimas e um novo relvado, não jogamos”, garantiu.

Esta não é a primeira vez que a AFRNSA e os clubes ameaçam boicotar a época devido ao estado do Estádio João Serra.

Nos últimos anos, foram várias as ocasiões em que denunciaram a precariedade do relvado, balizas, balneários e paredes, chegando a anunciar publicamente a possibilidade de não entrar em competição.

Contudo, essas ameaças nunca se concretizaram, com os clubes a recuarem na fase final, muitas vezes na expectativa de promessas de solução por parte das autoridades. 

Para Hermes Pinto, esse histórico de recuos acabou por perpetuar o problema.

LFS/HF

Inforpress/Fim

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