Lisboa, 17 Out (Inforpress) - Eugénio Tavares, considerado uma das figuras mais proeminentes da literatura cabo-verdiana, foi homenageado hoje, em Lisboa, em um evento que destacou a sua relevância como poeta, mas também como pioneiro do jornalismo e defensor da identidade cabo-verdiana.
Organizada pela Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (ALMA-CV), em Portugal, em parceria com a Associação Caboverdeana (ACV), a cerimónia serviu para reflectir sobre o legado de Eugénio Tavares, patrono do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, comemorado esta sexta-feira, 18 de Outubro.
Em declarações à Inforpress, o director executivo da ALMA-CV em Portugal, José Luís Hopffer Almada, sublinhou a influência de Eugénio Tavares na formação da cabo-verdianidade.
“O poeta foi o maior lírico cabo-verdiano de todos os tempos”, destacou, sublinhando que a sua obra, tanto em português como em crioulo, permanece como um pilar fundamental da cultura do arquipélago.
“Eugénio Tavares não era apenas poeta. Ele foi um dos primeiros jornalistas de Cabo Verde. Fundou o jornal Alvorada, na América, e usou a sua pena para defender a singularidade da cultura cabo-verdiana, enquanto simultaneamente defendia a cultura portuguesa”, recordou.
José Luís Hopffer Almada lembrou os trabalhos inéditos do escritor, explicando que “a obra completa de Eugénio Tavares, organizada por Félix Monteiro, ainda não é de facto completa”, porque existem pessoas que guardam escritos inéditos, o que mostra que há muito ainda por descobrir sobre ele.
Por sua vez, a vice-presidente da ACV, Dulcineia Sousa, enfatizou a importância das parcerias para o sucesso do evento e destacou a importância de homenagear figuras como Eugénio Tavares no contexto das comunidades cabo-verdianas da diáspora.
“Cabo Verde é uma Nação diaspórica. A cultura cabo-verdiana tem sido enriquecida pela contribuição dos que vivem fora, tanto na literatura, como na música e na gastronomia”, afirmou Sousa, sublinhando que o evento foi uma oportunidade de reforçar os laços da comunidade e atrair mais pessoas ao espaço cultural da ACV.
A cerimónia, que contou com as intervenções de José Luís Hoffer Almada e Joaquim Vaz, incluiu recitais de música e poesia e a participação especial do Grupo Coral Voz Terra e do Grupo Tapoé, que realizou uma apresentação poética centrada na experiência da emigração cabo-verdiana.
Essas performances, combinadas com as reflexões dos oradores, evidenciaram como a diáspora continua a desempenhar um papel vital na preservação e difusão da cultura cabo-verdiana.
A celebração também ressaltou a importância da diáspora na manutenção e enriquecimento da cultura cabo-verdiana, destacando contribuições em literatura, música e gastronomia.
O Dia Nacional da Cultura e das Comunidades foi instituído em Outubro de 2005, com o intuito de celebrar tanto a cultura cabo-verdiana, como as suas comunidades.
A data homenageia o dia de nascimento de um dos maiores literatos da história de Cabo Verde, o poeta Eugénio de Paula Tavares, falecido aos 63 anos na Vila Nova Sintra, ilha Brava, em 1º de Junho de 1930.
DR/JMV
Inforpress/Fim
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