Lisboa, 27 Set (Inforpress) - O economista cabo-verdiano e professor universitário José Luís Mascarenhas Monteiro destacou hoje, em Lisboa, a necessidade de uma maior colaboração entre a ciência e a política para o desenvolvimento de Cabo Verde.
José Luís Mascarenhas Monteiro fez essa declaração à Inforpress, para falar da sua intervenção no painel sobre “O papel das instituições representativas dos economistas”, no 2.º Fórum de Economistas das Cidades de Língua Portuguesa, que decorre subordinado ao tema “Multipolaridade, Geoeconomia e Lusofonia” e conta com a presença dos representantes de todos os países lusófonos.
Na sua intervenção, o economista ressaltou que apesar dos avanços ao longo dos 50 anos de independência do país é preciso criar um “acasalamento entre a ciência e a política” para alcançar um desenvolvimento sustentável.
O professor universitário lembrou que em 33 anos Cabo Verde conseguiu alcançar o ‘status’ de país de desenvolvimento médio e que a projecção é que possa atingir o nível de país desenvolvido até 2028, ou, numa perspectiva mais pessimista, até 2034.
“Em Cabo Verde ainda não conseguimos dar esse salto. Portanto, a ciência e a política têm uma idade de costas voltadas”, afirmou, alertando para a necessidade da ciência e da trabalharem de forma alinhada, tendo sublinhado a importância de responder a três perguntas-chave para programar o desenvolvimento sustentável.
“Em primeiro lugar, onde estamos? Em segundo lugar, para onde podemos ir? E só em terceiro lugar, para onde queremos ir?”, questionou o especialista, considerando que as duas primeiras perguntas cabem à ciência responder, enquanto à política cabe escolher o caminho a seguir.
José Luís Mascarenhas Monteiro também chamou a atenção para a necessidade de tornar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) uma instituição que vá além do âmbito político, tornando-se uma organização que atenda aos interesses culturais, econômicos e sociais dos povos lusófonos.
“Eu acho que a CPLP tem que deixar de ser uma instituição meramente política. Ele tem que ser uma instituição de povos, de cultura, de economia”, afirmou, apontando questões que precisam ser resolvidas para o desenvolvimento do espaço da CPLP, como a descontinuidade territorial, a competitividade, o equilíbrio regional e a sustentabilidade local.
Monteiro enfatizou também que “a ciência deve servir de farol para que se possa transformar a CPLP num verdadeiro activo”, disse, destacando o potencial da CPLP em transformar os povos lusófonos em “homens globalizados”, capazes de garantir que o desenvolvimento venha até as comunidades.
O 2.º Fórum de Economistas das Cidades de Língua Portuguesa coorganizado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Associação Lusófona de Economia (Alecon) e a Ordem dos Economistas, teve a sessão de abertura presidida pelo vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, que falou sobre “A UE, a Multipolaridade e a Lusofonia”
A sessão de encerramento será presidida pelo Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que vai falar sobre o tema “O triângulo UE, África e América Latina”, com intervenção anterior do ministro da Economia de Portugal, Pedro Reis.
O encontro tem também a participação do governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, que falou no painel sobre “O papel da CPLP na economia global”, num evento que conta com a presença de representantes de todos os países lusófonos, do embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, e do presidente da Câmara de Comércio de Sotavento, Marcos Rodrigues.
DR/AA
Inforpress/Fim
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