Porto Novo, 25 Jul (Inforpress) – Os deputados do PAICV (oposição) pelo círculo eleitoral de Santo Antão denunciaram hoje uma “saga de destruição” da ilha, acusando o Governo de “abandono, falta de visão estratégica e desmantelamento de investimentos” essenciais para o desenvolvimento local.
Em declarações à imprensa, a deputada Rosa Rocha alertou para o "recuo económico" e a "perda de investimentos estratégicos" na ilha.
“Quisemos ver qual é o estado da ilha de Santo Antão, a segunda maior em extensão a nível nacional, em população, e que outrora foi a terceira em termos de contribuição para o PIB nacional. Entretanto, vem perdendo população e peso económico, porque não há uma visão estratégica nem pragmatismo na execução dos grandes desafios que a ilha enfrenta”, afirmou.
Segundo a parlamentar, o Governo assumiu, em 2016, compromissos estruturantes, como a construção do aeroporto e a modernização do porto, mas, oito anos depois, “continua a criar expectativas” sem apresentar soluções concretas.
“Continuamos com a economia a regredir e com problemas estruturais em vários sectores”, criticou.
No sector agrícola, Rosa Rocha denunciou o “desmantelamento de estruturas herdadas” pelo actual Governo, citando o centro pecuário de Lajedos, que promovia o melhoramento genético das raças locais e o centro de expurgo, “que se encontra abandonado”.
“Era um centro de fomento da pecuária e foi desmantelado. Temos ainda o centro de expurgo, a poucos minutos do porto, que tinha um problema de energia facilmente resolúvel com painéis solares, mas o Governo prefere deixá-lo ao abandono”, mostrou.
Rosa Rocha questionou ainda o modelo de financiamento para a reactivação do centro de expurgo, onde a Empresa Nacional de Administração dos Portos (Enapor) financiaria 100 mil contos, mas o Governo assumiria a renda, considerando a situação "muito mal explicada".
Ainda no sector agrícola, Rosa Rocha criticou o estado das barragens da ilha.
“A barragem de Canto de Cagarra esteve oito anos sem utilização, só agora começou a ser usada após a pressão da oposição. A de Chã de Branquinho continua inoperacional desde os danos registados em 2016, com o sistema de bombagem completamente danificado”, disse.
A deputada apontou também a “inoperacionalidade das delegações do Ministério da Agricultura”, que “carecem de técnicos e veterinários”, deixando os agricultores "entregues à sua sorte".
No domínio do agro-saneamento, Rosa Rocha lembrou que, em 2014, já existia financiamento do Millennium Challenge Account (MCA) para um sistema de esgotos em Porto Novo. No entanto, até hoje a cobertura “é insuficiente”.
“A única localidade com rede de esgotos é a cidade de Porto Novo, e mesmo assim, bairros como Chã Viúva, Alto Peixinho e Alto São Tomé não estão contemplados. O suposto ‘maior projecto de agro-saneamento’ do Governo [lançado na terça-feira, 22] não responde aos desafios actuais nem projecta o desenvolvimento da ilha”, concluiu.
LFS/CP
Inforpress/Fim
Partilhar