Santander, Espanha, 28 Set (Inforpress) - O economista norte-americano e Prémio Nobel da Economia, Joseph E. Stiglitz, afirmou hoje que “as taxas aduaneiras de Trump são um desastre” e lamentou que a “Europa tenha desistido” de negociar com o Presidente dos EUA.
“É realmente importante que a Europa não ceda”, defendeu numa conferência de imprensa realizada antes de receber o título de doutor ‘honoris causa’ da Universidade Internacional Menéndez Pelayo (UIMP), num evento realizado no Palácio Magdalena, em Santander.
“Ceder significa abandonar a soberania da Europa”, considerou.
Joseph E. Stiglitz alertou que as políticas comerciais e fiscais promovidas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, geram o caos económico, enfraquecem o Estado de direito e minam os direitos de propriedade intelectual.
O economista salientou também que as decisões tomadas pela administração Trump desde a tomada de posse, em Janeiro, representaram uma “reviravolta de 180 graus” na tradição económica norte-americana, com políticas antiglobalização, cortes de impostos para os ricos e um abrandamento da supervisão institucional que, na sua opinião, causaram instabilidade tanto interna como externamente.
“A propriedade intelectual, essencial para o equilíbrio dos mercados, foi controlada e levou a uma espécie de bazar onde tudo vale”, sublinhou.
Stiglitz alertou ainda para os efeitos dos ataques do “trumpismo” à ciência e às universidades que vão “prejudicar o progresso e os indivíduos”, porque se instalou um sentimento de medo entre os estudantes nos Estados Unidos.
Muitos dos estudantes temem actualmente ser deportados por expressarem opiniões críticas e evitam regressar aos seus países durante as férias por medo de não poderem voltar a entrar nos Estados Unidos.
“Quem viveu o autoritarismo, como Espanha, sabe o que isso significa. Os Estados Unidos nunca viveram uma ditadura, e agora estamos a ver o que acontece se o sistema falhar”, disse, reiterando que as universidades devem continuar a defender os valores democráticos face a tais pressões.
Stiglitz aproveitou o seu discurso para destacar o papel internacional do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a quem elogiou pela sua liderança no evento “Democracia para Sempre”, realizado recentemente em Nova Iorque com outros países.
Oriundo de uma família judia, o Prémio Nobel da Economia abordou ainda a situação em Gaza, que descreveu como “um genocídio, tanto a nível humano como académico”.
Criticou as tentativas de silenciar o debate nas universidades e nos fóruns públicos, recordando as palavras de Pedro Sánchez na Universidade de Columbia, onde o primeiro-ministro espanhol afirmou que criticar Israel não é antissemitismo.
Inforpress/Lusa
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