Países lusófonos com dinâmica interessante e crescimento das reservas da biosfera - Unesco

Inicio | Ambiente
Países lusófonos com dinâmica interessante e crescimento das reservas da biosfera - Unesco
28/09/25 - 02:36 pm

Paris, 28 Set (Inforpress) – O director da Divisão de Ciências Ecológicas e da Terra da Unesco salientou este sábado a “dinâmica muito interessante” e o “crescimento significativo” das reservas da biosfera nos países lusófonos, destacando o trabalho da rede criada no âmbito da CPLP.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com sede em Paris, anunciou hoje que acrescentou 26 novos locais em 21 países à sua rede mundial da biosfera, nomeadamente em quatro países lusófonos: Angola (Quiçama), Guiné Equatorial (Ilha de Bioko), Portugal (Arrábida) e São Tomé e Príncipe (Ilha de São Tomé).

“Nos últimos anos, nos países de língua oficial portuguesa, tem havido uma dinâmica muito interessante e um crescimento significativo das reservas, de tal forma que constitui em termos de população um quarto da rede mundial”, disse à Lusa António Abreu.

Isto levou “à constituição formal de uma rede de reservas da biosfera dos países da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa]”, que funcionam como “laboratórios vivos de experimentação, de testes ou soluções inovadoras, de promoção do diálogo (…) em torno da conservação da natureza e do desenvolvimento”, promovendo o conhecimento científico, tradicional ou até indígena, afirmou o responsável.

O trabalho de cooperação já rendeu sete reservas da biosfera ao Brasil, incluindo a maior do mundo na Mata Atlântica, 14 para Portugal, duas para Cabo Verde, uma para Moçambique e uma para a Guiné-Bissau, a primeira agora para Angola e a Guiné Equatorial, e São Tomé e Príncipe passa a ter todo o seu território classificado.

“Este ano temos um recorde de candidaturas, recebemos 34 candidaturas, incluindo candidaturas de cinco novos países que ainda não tinham reservas da biosfera”, disse António Abreu, referindo que “os países têm dado um maior reconhecimento à importância das reservas da biosfera”.

Para o também secretário do programa O Homem e a Biosfera (MAB) da Unesco, isto deve-se “à perda de biodiversidade, às alterações climáticas e à degradação ambiental, o que constitui aquilo que hoje é a tripla crise planetária”.

“As reservas da biosfera assumem-se como laboratórios vivos de sustentabilidade que promovem três funções - estatutariamente são obrigadas a cumpri-las - que são a conservação, o apoio logístico, onde se põe a educação, sensibilização, pesquisa científica e conhecimento, mas também o desenvolvimento socioeconómico”, salientou.

O conceito de reserva da biosfera, associado ao desenvolvimento sustentável, tem “um pilar que é fundamental, que é a conservação da natureza e a biodiversidade”, que não é indissociável do desenvolvimento socioeconómico, “ao contrário do que tem sido a prática durante quase uma centena de anos de conservação”, defendeu.

O programa O Homem e a Biosfera da Unesco está a passar por uma expansão sem precedentes desde 2018, com 142 novas reservas da biosfera representando mais de um milhão de quilómetros quadrados (Km2) adicionais de áreas naturais protegidas.

Hoje, as 785 reservas em 142 países cobrem 8 milhões de km2 — a área da Austrália — e beneficiam directamente cerca de 300 milhões de pessoas que nelas vivem, segundo a organização.

“Existem mecanismos de acompanhamento e de monitorização e de avaliação periódica ou revisão periódica” para comprovar, através de relatórios, que cumprem as funções de conservação, de apoio logístico e de desenvolvimento socioeconómico. E, no caso de haver reservas que não cumprem, estas perdem o estatuto, explicou.

António Abreu salientou que na ilha do Príncipe, classificada há mais de uma década, houve “uma transformação social”, com infra-estruturas, mas sobretudo na diversificação da economia, nomeadamente com a formatação do turismo, focado nos maiores valores que têm para oferecer: biodiversidade e natureza.

Isso também atraiu investigadores e continua a promover “a sustentabilidade territorial e a resiliência das comunidades, sejam elas humanas ou naturais”, dinamizando cada vez mais iniciativas, acrescentou.

“Seria vantajoso para o país (…) sensibilizar a população, os actores económicos, o sector privado e o sector público para um modelo de desenvolvimento que precisa de salvaguardar o património, seja ele natural, seja ele cultural, como forma de assegurar a identidade, mas sobretudo um modo de vida e modelos de desenvolvimento alternativos”, afirmou.

Inforpress/Lusa

Fim

Partilhar