Teerão, 17 set (Inforpress) — O Irão anunciou hoje a execução de um homem, condenado por espionagem a favor de Israel, que activistas afirmam ter sido torturado para fazer uma falsa confissão, após ter-se oferecido para lutar pela Ucrânia.
A agência de notícias do poder judicial disse que o homem executado, Babak Shahbazi, recolheu e vendeu à agência de inteligência israelita, Mossad, informações confidenciais sobre centros de dados e instalações de segurança iranianos.
A agência Mizan descreveu-o como um trabalhador em "dispositivos de arrefecimento industrial" para empresas que operavam em instalações de telecomunicações, militares e de segurança.
Activistas, incluindo o grupo Iran Human Rights, sediado em Oslo, disseram que Shahbazi foi detido por escrever uma carta ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, oferecendo-se para lutar nas forças armadas ucranianas.
O Irão forneceu à Rússia drones, que Moscovo tem utilizado para atacar a Ucrânia, algo que gerou indignação no Irão, especialmente numa altura que Teerão aumentou a repressão da dissidência interna.
"A mensagem de Babak ao Presidente Zelensky, oferecendo-se para ajudar na guerra contra a Rússia, foi usada como exemplo de espionagem a favor de Israel, que, segundo eles, ensinou Babak a usar o Microsoft Word", afirmou o grupo.
O Irão enforcou oito pessoas por espionagem desde a guerra de Junho com Israel, gerando receios entre os activistas de que o Governo possa estar a levar a cabo uma onda de execuções.
Israel travou uma guerra aérea com o Irão, matando cerca de 1.100 pessoas, incluindo muitos comandantes militares. O Irão lançou barragens de mísseis contra Israel em resposta.
Os activistas alertam que o Irão está a tentar reprimir a crítica associada à crise económica e aos direitos das mulheres, quando se assinala o terceiro aniversário da morte de Mahsa Amini esta semana.
Amini morreu sob custódia policial em 2022, depois de ter sido detida por alegadamente não usar o 'hijab', ou véu, como as autoridades impõem, o que desencadeou meses de manifestações e uma violenta repressão por parte das forças de segurança.
O Irão realizou execuções a "um ritmo alarmante" em 2024, com, pelo menos, 975 pessoas mortas, de acordo com um relatório da ONU, que citou ainda outras violações dos direitos humanos, desde barreiras à liberdade de expressão ao uso de tortura e detenção arbitrária.
O Gabinete de Direitos Humanos do Irão afirma que já foram realizadas mais de 940 execuções este ano.
Inforpress/Lusa/Fim
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