Jerusalém, 17 set (Inforpress) – Israel vai abrir hoje, às 12:00 (10:00 em Lisboa), e durante 48 horas, uma segunda estrada que atravessa a Faixa de Gaza, para obrigar a população a abandonar a Cidade de Gaza.
"Poderão viajar pela autoestrada Salah al-Din e depois continuar para sul a partir de Wadi Gaza [centro]", lê-se num comunicado do porta-voz do exército de Israel em árabe, Avichay Adraee, na rede social X.
Salah al-Din atravessa a Faixa de Gaza de norte a sul, no leste do enclave, paralelamente à fronteira com o território israelita. A outra rota já aberta, a autoestrada Rashid, também atravessa todo o enclave, mas no oeste, em paralelo com a costa.
No entanto, a maioria dos refugiados encontra-se no oeste da Cidade de Gaza, em acampamentos à beira-mar, para onde o exército israelita lhes ordenou que se deslocassem, à medida que a ofensiva na zona avança a partir de leste e norte.
Questionado pela agência de notícias EFE se as forças armadas vão garantir algum tipo de percurso seguro do oeste da Cidade de Gaza para leste, para que a população possa chegar à estrada Salah al-Din, Adraee não comentou.
O porta-voz do exército de Israel disse que esta rota permanecerá aberta até sexta-feira, às 12:00 (10:00 em Lisboa).
Na terça-feira, depois de o exército israelita ter iniciado uma operação terrestre na capital e após um mês de intensos bombardeamentos contra a população, milhares de pessoas dirigiram-se para a autoestrada Rashid para tentar fugir aos ataques.
No entanto, tal como em Agosto, a estrada estava congestionada com veículos e pessoas que transportavam os pertences a pé, tentando escapar.
Quando a EFE fez o mesmo percurso no sábado, demorou cinco horas a percorrer os cerca de 25 quilómetros que separam as praias de Mawasi (sul) das da Cidade de Gaza (norte).
A sobrelotação da rota, somada aos preços exorbitantes de tudo o que envolve a viagem e à falta de espaço na área designada pelo exército para os refugiados em Mawasi, além do cansaço após mais de dois anos de constantes evacuações, estão a levar muitos a regressar à Cidade de Gaza ou a simplesmente não partir.
Embora o exército estime que cerca de 350 mil pessoas tenham deixado a capital desde meados de Agosto, os dados divulgados pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários estimam o número em cerca de 150 mil.
Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações internacionais e um número crescente de países descreveram como genocídio a ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza, na qual morreram quase 65 mil pessoas, em resposta aos ataques do movimento islamita palestiniano Hamas contra solo israelita, a 07 de Outubro de 2023.
Inforpress/Lusa/Fim
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