Cidade da Praia, 02 Out (Inforpress) – O governador do Banco de Cabo Verde (BCV), ressaltou hoje o papel fundamental dos bancos centrais na garantia da confiança no sistema financeiro e no fomento ao crescimento económico.
Óscar Santos, que falava durante o 12.º Encontro Anual dos Governadores dos Bancos lusófonos, que reúne governadores, presidentes e delegações das autoridades monetárias dos países de língua portuguesa, salientou a importância do encontro, realizado num momento simbólico em que o Banco Central de Cabo Verde comemora o seu quinquagésimo aniversário.
Segundo explicou, o tema principal do encontro “A evolução do mandato dos bancos centrais: a conciliação das políticas monetária e prudencial”, prende-se com a crescente relevância da autonomia e a dependência dos bancos centrais e da necessidade de os mesmos disporem de um mandato transparente e previsível por lei.
“A crise financeira internacional de 2008 marcou um ponto de viragem para as autoridades de regulação e supervisão, forçando-as a uma reavaliação profunda de quadros legais e regulamentares em vigor”, afirmou, apontando como exemplo, a revisão da lei orgânica dos bancos centrais, atribuindo-lhes novas funções e competências.
Embora a missão primordial dos bancos centrais continue a ser a preservação da estabilidade de preços, considerou que é inegável que tal objectivo só pode ser alcançado de forma sustentável mediante a promoção e estabilidade financeira.
“Neste contexto, os bancos centrais assumem um papel fulcral como autoridade macro prudencial, responsável pela definição e execução da política macro prudencial, bem como, em muitos casos, como autoridades de resolução”, sublinhou.
Responsabilidades estas, que segundo o governador do BCV, são fundamentais para garantir a confiança no sistema financeiro e, por conseguinte, fomentar o crescimento económico.
Na ocasião, apontou o ritmo acelerado da inovação tecnológica impulsionado, entre outros factores, pelos efeitos da pandemia da covid-19, a entrada de novos “players” no sector financeiro, a transformação dos sistemas de pagamento e as alterações no comportamento dos consumidores, como elementos que têm reconfigurado o sector financeiro global.
Para enfrentar esses desafios, avançou que os bancos centrais têm desenvolvido novos instrumentos e ferramentas, como taxonomias climáticas e requisitos de divulgação de sustentabilidade, contribuindo para os planos de adaptação e mitigação às alterações climáticas.
“Estes fenómenos exigem uma actuação regulatória cada vez mais dinâmica e adaptável, bem como uma articulação eficaz entre as políticas monetária e macro prudenciais viabilizando, assim, a execução dos mandatos dos bancos centrais”, explicou.
Por isso espera que este momento seja uma oportunidade única de partilha de experiência sobre a evolução do mandato de cada instituição, de debater as soluções práticas para gerir possíveis conflitos entre os objectivos da estabilidade de preços e da estabilidade financeira, e de reflexão sobre os impactos dessas novas responsabilidades na estrutura de governança.
ET/HF
Inforpress/Fim
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