Rússia condiciona apoio a plano de Trump para Gaza a solução de dois Estados

Inicio | Internacional
Rússia condiciona apoio a plano de Trump para Gaza a solução de dois Estados
02/10/25 - 07:44 pm

Moscovo, 02 out 2025 (Inforpress) – O Presidente russo, Vladimir Putin, expressou hoje apoio "em termos gerais" ao plano do homólogo norte-americano, Donald Trump, sobre a suspensão dos combates e futura gestão na Faixa de Gaza, embora condicionado a uma solução de dois Estados.

“Pode ser uma surpresa para vocês, mas, em termos gerais, a Rússia está disposta a apoiar ", declarou, num discurso no grupo de discussão Valdai, na estância balnear de Sochi, a propósito do roteiro apresentado pelo líder da Casa Branca.

No entanto, esclareceu que a Rússia estudará cuidadosamente a proposta e condiciona o seu apoio à possibilidade de conduzir ao objetivo final da criação de dois Estados, com Israel e Palestina lado a lado.

"Tanto quanto sei, dado que ainda não li esta proposta com atenção, ela envolve a criação de uma organização internacional que controlará [a Faixa de Gaza] durante um determinado período, liderada pelo senhor [Tony] Blair. Ele não é conhecido como um grande pacificador", comentou o Presidente russo.

O líder do Kremlin descreveu Blair como "um homem com visões particulares, mas um político experiente", pelo que, se a sua colaboração visar a paz, “pode ​​desempenhar um papel positivo".

No entanto, ressalvou que "a questão mais importante é o que a Palestina pensa sobre isto".

A proposta foi anunciada na passada segunda-feira, após um encontro de Trump em Washington com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

A reunião aconteceu uma semana depois de uma dezena de países ocidentais, incluindo Portugal, terem reconhecido o Estado Palestiniano, à margem da Assembleia-Geral da ONU, o que aumentou o isolamento de Israel em relação ao conflito na Faixa de Gaza.

O plano de Trump prevê um cessar-fogo imediato no enclave palestiniano e a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas, bem como o desarmamento e a exclusão do grupo islamita do governo do território.

Inclui também a criação de um governo de transição composto por tecnocratas palestinianos e especialistas internacionais, supervisionado por um "Conselho da Paz", presidido pelo próprio Presidente norte-americano, com liderança do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Embora estipule uma retirada gradual do Exército israelita da Faixa de Gaza, a proposta não estabelece um calendário claro para este ou para outros pontos-chave, como a criação de um Estado palestiniano.

A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de Outubro de 2023 no sul de Israel, onde fizeram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 66 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde foram registadas cerca de 400 mortes por desnutrição e fome, na maioria crianças.

Inforpress/Lusa/Fim

Partilhar