Fogo: Turismo em recuperação apesar da falta de infra-estrutura – operador turístico (c/áudio)

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Fogo: Turismo em recuperação apesar da falta de infra-estrutura – operador turístico (c/áudio)
30/09/25 - 09:36 am

São Filipe, 30 Set (Inforpress) – O turismo na ilha do Fogo está em franca recuperação após os impactos da pandemia da covid-19, mas enfrenta desafios como a falta de infra-estruturas adequadas para sustentar o crescimento e garantir um turismo sustentável.

A avaliação foi feita hoje por Mustafa Erin, operador e guia turístico, que tem estado ao longo dos últimos anos a monitorar o fluxo de turistas e o impacto da actividade turística em Chã das Caldeiras e na ilha do Fogo, no geral.

Segundo Mustafa Erin, 2025 deverá atingir entre 90 por cento (%) e 95% dos níveis de 2019, considerado o melhor ano turístico das últimas duas décadas para a ilha.

O mesmo alerta que, para continuar a crescer e atrair turistas de forma equilibrada, é “urgente” investir em infra-estrutura física e humana.

“Chã das Caldeiras é o principal destino turístico da ilha do Fogo. Temos paisagens únicas e um turismo activo, voltado para a natureza, mas faltam condições básicas, como acesso à água e manutenção dos trilhos e caminhos naturais, fundamentais para a preservação da biosfera”, destacou Mustafa Erin que acrescentou que energia eléctrica é neste momento estável.

Para o operador e guia turístico, a infra-estruturação não se limita à construção de estradas ou edifícios, e apontou a falta de formação profissional como um dos maiores entraves ao desenvolvimento turístico da ilha.

“Precisamos de mais competência técnica para acolher bem os turistas, desde gerentes de hotel até os próprios guias. Isso é essencial, porque o número de visitantes está a crescer e, com isso, o impacto sobre a natureza aumenta. Só com formação e profissionalização podemos garantir um turismo sustentável”, defendeu.

A mesma fonte apontou ainda para a necessidade de se criar novas atracções sustentáveis para diversificar a oferta turística e distribuir melhor o fluxo de visitantes ao longo do ano.

Entre as propostas já testadas estão as bicicletas de montanha e a exclusão de veículos motorizados (motos quatro rodas) poluentes que causam erosão nas trilhas.

“Investimos em bicicletas porque têm baixo impacto ambiental. Temos também ideias para instalar actividades e experiências educativas ligadas à natureza e à cultura local que são atractivos fortes”, explicou Mustafa Erin que defende que a criação de infra-estruturas deve estar adaptada ao ambiente natural e cultural, sem comprometer a autenticidade que é o maior trunfo do turismo cabo-verdiano.

“Os turistas vêm para Cabo Verde por causa da autenticidade das pessoas, da cultura e da natureza. Modernizar não significa perder essa identidade”, apontou.

Com base nas suas estimativas, em 2019, cerca de dez mil turistas dormiram na ilha do Fogo, número que pode crescer até 12 mil com uma gestão adequada da oferta, no entanto, chama atenção para a sazonalidade do turismo, concentrada entre Novembro e Março.

“Nos meses de Julho a Setembro, temos pouca procura, precisamos promover o Fogo como destino no Verão criando atracções para famílias e pacotes alternativos”, advogou Mustafá Erin que mostrou a sua disponibilidade para partilhar o seu conhecimento com o sector.

“Trabalhar com especialistas internacionais custa caro. Eu vivo aqui, tenho formação e experiência e estou pronto para ajudar. Podemos desenvolver formação para guias, operadores, gestores e transformar o Fogo numa referência de turismo sustentável”, destacou Mustafa Erin que acrescentou que, apesar de manter contacto com as autoridades e de ter recebido incentivo, há falta de acções concretas.

A ilha do Fogo tem potencial para se destacar como um destino de ecoturismo de excelência, no entanto, sem investimento em infra-estrutura, formação e preservação ambiental, corre-se o risco de perder o equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade.

JR/HF

Inforpress/Fim

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