Familiares e artistas prestam última homenagem a Romeu di Lurdis e destacam legado humano e cultural

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Familiares e artistas prestam última homenagem a Romeu di Lurdis e destacam legado humano e cultural
19/10/25 - 03:29 pm

Cidade da Praia, 19 Out (Inforpress) – Familiares, amigos e colegas de profissão prestaram hoje homenagem ao músico Romeu di Lurdis, falecido no passado dia 09 de Outubro, em Portugal, recordando-o como um homem simples, generoso e apaixonado pela música e pela sua terra.

Nascido e criado na cidade da Praia, Romeu di Lurdis demonstrou desde cedo um amor profundo pela música. 

Conhecido por sua humildade e capacidade de tocar corações com suas letras, suas composições falavam do quotidiano, da cidade, do amor e da identidade cabo-verdiana.

A notícia de sua morte surpreendeu e entristeceu familiares, amigos, a comunidade artística e todo o povo cabo-verdiano.

A cerimônia fúnebre ocorreu hoje na igreja Nossa Senhora Rainha do Universo, no bairro de Ponta d’Água, na cidade da Praia, e reuniu amigos e familiares que recordam Romeu como um homem manso, generoso e amigo de todos.

O momento da despedida foi marcado por emoção e lembranças de um artista que, segundo todos, partiu cedo demais.

O sogro do artista, André Furtado, descreveu o momento como “de muita tristeza e separação eterna”, lembrando Romeu como “um rapaz muito querido, manso e amigo de todos”.

“É muito triste a sua perda, ainda mais porque aconteceu num momento importante da sua carreira a nível internacional. Infelizmente, faleceu dois dias antes do espetáculo que teria em Portugal, no dia 11. Foi uma grande surpresa para nós. Agora é preciso coragem para continuar, principalmente pelos filhos que ele deixa”, afirmou, emocionado.

A amizade e o caráter humano de Romeu di Lurdis também marcaram profundamente aqueles que o conheceram. 

Gilson Varela, amigo de infância e compadre, que veio da Suíça para a despedida destacou a longa amizade que os unia.

“Romeu era uma pessoa simples, um irmão. Tínhamos uma amizade verdadeira e não poderia deixar de vir dar o último adeus. Ele partiu, mas não morreu, porque acredito na ressurreição de Cristo. Um dia voltaremos a encontrá-lo”, expressou.

Artistas que trabalharam ou conviveram com Romeu destacaram sua visão própria e energia criativa.

Gil Moreira afirmou que cada músico que parte leva consigo parte da identidade cultural do país e que Romeu tinha muito a oferecer, mas deixou contribuições preciosas e duradouras.

“Cada artista que parte leva consigo a sua identidade cultural. Romeu era jovem, mas tinha uma dinâmica muito forte e uma visão própria da cultura cabo-verdiana. Partiu cedo demais e ainda tinha muito para dar ao nosso país”, lamentou.

Também o cantor Eduíno, da banda Ferro e Gaita, manifestou tristeza pela morte do artista, recordando-o como ex-aluno e amigo:

“É um momento muito triste para a nossa cultura. A morte é certa, mas nunca estamos preparados para partidas tão prematuras. Romeu foi meu aluno nas aulas de ferro e gaita, e tenho ainda muitos dos seus trabalhos que farei questão de dar continuidade. A cultura cabo-verdiana ficou mais pobre com a sua partida”, declarou.

Entre lágrimas e aplausos, familiares, artistas e amigos despediram-se de Romeu di Lurdis, que foi enterrado no cemitério da Várzea, reconhecendo nele não apenas um artista de talento, mas um símbolo da música e da cultura cabo-verdiana contemporânea.

Ao longo de sua carreira, Romeu participou em diversos projectos musicais, festivais e colaborações que reforçaram a sua presença na música nacional. 

Sua obra não se limitou ao entretenimento, era também um canal de reflexão sobre a vida, a sociedade e a identidade de Cabo Verde.

Entre suas canções mais conhecidas estão “Ranja ku mi”, “Txitxaru Fresku”, “Barku di Alentu”, “Fera na Sukupira”, “Nha Rubera”, “Midjor Mai di Mundu”, “Imigrason”, “Sonhu Sufridu”, “Amargura”, “Vida di Studanti”, “Paraízu Praia”, “Tirsidjadu”, “Boita na fazenda” e “Mudjer”.

Em Janeiro deste ano, Romeu lançou seu último trabalho discográfico, intitulado “Kuraçon Aberto”, editado cinco anos após o seu primeiro álbum, “Amoransa”.

Além da música, e também da poesia e acção social, Carlos Manuel Tavares Lopes – nome de batismo de Romeu di Lurdis – teve uma breve passagem na política, concorrendo a duas eleições autárquicas para a Câmara Municipal da Praia como líder do Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS).

Romeu di Lurdis deixa um legado que atravessa gerações, refletindo talento, humanidade e amor profundo pela cultura cabo-verdiana.

CM/AA

Inforpress/Fim

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