Dia Internacional da Síndrome de Down: “Vibro com as conquistas do meu menino por mais pequenas que sejam” – diz Alcinda Rosário

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Dia Internacional da Síndrome de Down: “Vibro com as conquistas do meu menino por mais pequenas que sejam” – diz Alcinda Rosário
21/03/24 - 04:09 pm

*** Por Lucilene Fernandes Salomão, da Agência Inforpress***

Ribeira Grande, 21 Mar (Inforpress) – Alcinda Rosário, mãe de Alessandro Carlos, portador da Síndrome de Down, afirmou hoje que ser mãe atípica faz-lhe querer ser melhor a cada dia e vibra com as conquistas do filho por mais pequenas que sejam.

Alcinda Rosário que falava à Inforpress no dia alusivo à Síndrome de Down contou que no dia 09 de Maio de 2010, no Hospital Baptista Sousa, em São Vicente, deu à luz ao seu primeiro filho, mas ficou “surpresa” quando soube do diagnóstico do filho, visto que, nas consultas pré-natais, ninguém lhe alertou para a possibilidade de ter uma criança com Síndrome de Down.

“Fiquei triste, mas naquele momento valeu o apoio da família que foi fundamental para que, num instante, aceitasse que nada mudaria aquele amor que já tinha por aquela criança indefesa.  Muitas vezes questionei “porquê eu?”, mas vendo o meu menino crescendo cheio de vida e saúde, digo “porque não eu?”, acentuou.

Volvidos 13 anos, Alcinda Rosário frisou que na sua casa até se esquecem que Alessandro Carlos é portador da Síndrome de Down e justificou que o criam “sem tabu e nem preconceito”.

Segundo Alcinda Rosário, Alessandro é um menino completamente independente, faz tudo sozinho e tem demostrado que não existe o diferente.

“Alessandro é um menino alegre, carinhoso e gosta muito de demonstrar seu afecto para connosco. Meu menino, que já diz que não é mais criança e sim pré-adolescente, está frequentando o 7º ano, na Escola Secundaria Suzete Delgado em estreita colaboração com toda a estrutura do Ministério da Educação na Ribeira Grande, e apoiamos mutuamente no seu desenvolvimento e no seu processo de ensino/aprendizagem”, pontuou.

Segundo Alcinda Rosário tem sido um “desafio constante” porque, sendo um menino reservado, muitas vezes na presença de pessoas que não conhece, Alessandro tem tendência de retrair e muitas vezes fica difícil sua socialização e consequentemente dificulta no seu aprendizado.

Entretando, conforme a mesma fonte, com o apoio da equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI) tem trabalhado na sua autoconfiança e hoje tem-se mostrado mais aberto e sociável com os seus colegas e professores.

“Fora isso o que me tem preocupado é a questão dos materiais de ensino que não encontramos em Cabo Verde, pelo que aproveito para fazer um apelo ao Governo de Cabo Verde que dêem mais atenção à questão de inclusão que, a meu ver, está aquém do desejado. Fala-se de inclusão, mas na prática há muito por fazer. Por exemplo as famílias que não tem recursos, baixo nível de escolaridade, como é que vão conseguir adquirir materiais para ajudar os seus meninos”, questionou.

Alcinda Rosário afirmou ainda que recorre sempre a um profissional para lhe reforçar os conteúdos e à internet para fazer pesquisas sobre o tema e baixar algum material didáctico para ajudar no ensino/aprendizagem do seu filho.

Aos pais que ainda agora começaram esta jornada, Alcinda Rosário apelou para não desanimem e procurem ajuda e acima de tudo amem os seus filhos, porque segundo a mesma o amor faz milagres.

Por sua vez, a coordenadora da equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI), Lúcia Miranda disse que no concelho da Ribeira Grande tem sinalizado duas crianças com a Síndrome de Down, uma que estuda o 2º ano e outro no 7º ano.

Lúcia Miranda recordou que desde a existência da EMAEI já passaram varias crianças portadora da síndrome, mas neste ano lectivo há somente duas crianças sinalizadas.

“Estas duas crianças têm o seu plano educativo individual e na sala de aula os professores trabalham com eles de acordo com as suas funcionalidades e, baseados na potencialidade dessas crianças, vamos trabalhando os conteúdos”, salientou.

Lúcia Miranda sublinhou que no que tange à avaliação tem tido muitos ganhos e por isso é positivo e enalteceu ainda o envolvimento dos pais que, segundo a mesma, têm sido fundamentais no ensino/aprendizagem dessas crianças.

O Dia Mundial da Síndrome de Down, comemorado em 21 de Março, é uma data de conscientização global para celebrar a vida das pessoas com a síndrome e para garantir que elas tenham as mesmas liberdades e oportunidades que todas as pessoas.

LFS/HF

Inforpress/Fim

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