Dentista afirma que prestação de serviço publico a nível da saúde oral em Santo Antão é “bastante deficitária”

*** Por Lucilene Fernandes Salomão, da Agência Inforpress***

Ribeira Grande, 20 Mar (Inforpress) – A dentista Loralisa Graça afirmou hoje que a prestação de serviço público a nível da saúde oral em Santo Antão está “bastante deficitária” daí a necessidade de políticas públicas “mais assertivas” na matéria.

“Até 2021 tínhamos um serviço público activo nos três concelhos de Santo Antão. Porém as duas cadeiras do Paul e Porto Novo avariaram e desde então não temos tido um serviço público de saúde oral para tratamento a funcionar nestes dois municípios”, concretizou.

Loralisa Graça, que falava à Inforpress na esteira do Dia Mundial da Saúde Oral, que se celebra hoje, disse que solicitaram “varias vezes” ao Ministério Saúde para resolver o problema das cadeiras do Porto Novo e Paul, mas “nunca fizeram e nem disseram” nada.

E, neste sentido, pontuou a dentista que o serviço de prestação de serviço publico a nível da saúde oral ficou “bastante deficitário” em Santo Antão.

A nível de privados, Loralisa Graça disse que há clínicas dentárias em todo a ilha de Santo Antão e muitas delas têm feito parcerias de prestação de serviço público, inclusive em Paul e no Porto Novo, que se encontram sem o serviço público de estomatologia.

Segundo a mesma fonte, quando se tem somente os privados a funcionar “logicamente” que as pessoas mais carenciadas não conseguem investir na sua saúde oral.

“E quando é assim as pessoas não vão para a parte preventiva e vão só para a parte curativa, ou seja, restaurações e extrações. E sendo pessoas carenciadas sempre optam por remover o dente, isto é, tirar a dor e assim vamos criando uma população cada vez mais desdentada”, alertou.

Quanto a promoção da saúde oral, a dentista garantiu que tem feito muitas actividades em parceria com as escolas, centro de idosos e escola de karaté, entre outros.

Loralisa Graça disse ainda que normalmente as pessoas entendem a saúde oral simplesmente na parte dentária, porque pensam que os dentistas cuidam somente dos dentes, mas esclareceu que a saúde oral engloba cuidar dos lábios, línguas, bochechas, gengiva e toda as estruturas adjacentes.

“Tenho notado que tem tido um aumento significativo da doença cárie em crianças muito pequenas que comparecem nas consultas já experimentando a sensação horrorosa que é de dor, abcessos e às vezes não temos muito por fazer a não ser extrair o dente”, salientou.

É que, conforme a dentista, as crianças chegam nas consultas com os dentes debilitados, visto que a cárie é uma doença silenciosa.

E é neste sentido que Loralisa Graça alertou para a necessidade de ser elaborado algumas politicas públicas junto das escolas ou parceria público privado para poder resolver e amenizar um pouco esta problemática, que na sua ótica é preocupante.

“É necessário e urgente que seja feito actividades para promover, sensibilizar e prevenir os problemas da saúde oral. Temos que incentivar as pessoas a procurarem os dentistas não só quando têm dor, porque quando mais cedo procurar um profissional, mais cedo o problema é resolvido”, apelou. 

A dentista pediu ainda às para fazerem higienização bucal não só uma vez e sim a cada refeição e escovarem os dentes.

Quanto a escovas de dente, Loralisa Graça alertou que a mesma deve ser trocada de dois em dois meses ou três em três meses e sempre após qualquer problema respiratório, gripe ou angina porque as bactérias ficam nela.

“As pessoas têm que apostar numa alimentação com alimentos naturais  e diminuir o consumo de açúcar, principalmente as crianças”, elucidou.

O Dia Mundial da Saúde Oral é celebrado no dia 20 de Março, uma iniciativa da World Dental Federation. 

A comemoração desta efeméride é uma oportunidade para sensibilizar, motivar e estimular a manutenção da saúde oral durante a vida com os hábitos correctos de higiene oral, alimentação e vigilância adequada.

As doenças orais encontram-se entre as doenças crónicas mais comuns a nível mundial.

Noventa por cento da população mundial está em risco de algum tipo de distúrbio a nível oral, desde lesões de cárie a doenças periodontais a cancro oral.

LFS/AA

Inforpress/Fim