Cairo, 03 Mar (Inforpress) – As negociações com vista à obtenção de uma trégua entre Israel e o Hamas durante o Ramadão vão ser hoje retomadas no Cairo, enquanto em Gaza continuam os mortíferos bombardeamentos israelitas no território palestiniano ameaçado de fome.
De acordo com a imprensa pró-governamental egípcia, representantes do Qatar e dos Estados Unidos chegaram à capital egípcia, onde os enviados do Hamas devem “dar-lhes uma resposta à proposta desenvolvida em Paris” no final de janeiro, indicou uma fonte próxima do movimento islâmico.
Esta proposta dos países mediadores – Qatar, Estados Unidos e Egito – diz respeito a uma pausa de seis semanas nos combates e à libertação de 42 reféns em troca da libertação dos palestinianos detidos por Israel.
O objectivo é conseguir uma trégua antes do início do mês de jejum muçulmano, que começará a 10 ou 11 de Março.
“Os israelitas aceitaram em princípio os elementos do acordo”, garantiu no sábado um alto funcionário norte-americano em Washington, enquanto Israel não confirmou esta informação.
Uma trégua poderia ser assinada dentro de “24/48 horas” se Israel “aceitar as exigências do Hamas, que incluem o regresso dos palestinianos deslocados ao norte de Gaza e um aumento na ajuda humanitária”, disse fonte oficial do Hamas, que solicitou anonimato.
O movimento palestiniano também exige um cessar-fogo permanente e uma retirada israelita em troca da libertação dos reféns detidos em Gaza.
No terreno, vários ataques aéreos tiveram hoje de madrugada como alvo as cidades de Khan Younes e Rafah, no sul, segundo confirmou a AFP em Gaza.
O Governo do Hamas também disse que o fogo de artilharia pesada teve como alvo Jabaliya, Beit Hanoun, Zeitoun e Tal al-Hawa, no norte.
Em quase cinco meses, as operações militares israelitas lançadas em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas em Israel, em 07 de Outubro, deixaram 30.410 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, informou hoje o Ministério da Saúde local, que deu também conta de 90 mortes nas últimas 24 horas, incluindo 14 membros da mesma família em Rafah.
O conflito também causou uma catástrofe humanitária e a fome é “quase inevitável” para 2,2 milhões de pessoas, a grande maioria da população de Gaza, denunciou Jens Laerke, porta-voz da agência das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).
Pelo menos 16 crianças morreram de “desnutrição e desidratação” nos últimos dias, declarou o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
Perante as dificuldades de transporte rodoviário de ajuda humanitária no território isolado por Israel, os Estados Unidos realizaram no sábado um primeiro lançamento aéreo de 66 "pacotes" contendo mais de 38 mil refeições, numa operação conjunta com a Jordânia, segundo um comunicado norte-americano.
A guerra foi desencadeada por um ataque em 07 de Outubro no sul de Israel por comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza, onde o movimento tomou o poder em 2007.
Este ataque provocou a morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
Cerca de 240 pessoas também foram sequestradas e, segundo Israel, 130 reféns ainda estão detidos na Faixa de Gaza, 31 dos quais se acredita terem morrido. Uma trégua no final de novembro permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 palestinos detidos.
Israel prometeu aniquilar o Hamas, que considera uma organização terrorista, juntamente com os Estados Unidos e a União Europeia (UE).
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou o próximo lançamento de uma grande operação em Rafah, para derrotar o movimento islâmico no seu “último bastião”.
Esta perspetiva preocupa a comunidade internacional porque a cidade alberga quase 1,5 milhões de palestinianos, a grande maioria deslocados, encurralados na fronteira fechada com o Egito.
Inforpress/Lusa
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