Cidade da Praia, 04 Dez (Inforpress) - O deputado do MpD Orlando Dias acusou hoje o partido e o presidente Ulisses Correia e Silva como “maiores culpados” do “desastre eleitoral" do partido, “e não os candidatos em si”, nas eleições autárquicas de 01 de Dezembro.
Esta acusação foi feita em conferência de imprensa, num dos hotéis da cidade da Praia, quando Dias falava sobre o “desaire eleitoral” do partido do Movimento para Democracia (MpD, poder) nas eleições autárquicas do passado domingo.
Para que nas eleições legislativas não aconteça a mesma derrota, Orlando Dias aconselhou o presidente do partido e os seus vices a colocarem os respectivos cargos à disposição e marcar novas eleições internas para a escolha de um novo líder, que seja capaz de apresentar novas propostas de governação para o país.
“Seria natural que o presidente do MpD, bem como todos os seus vices pusessem o seu cargo à disposição e o partido marcasse, desde já, uma Convenção Nacional Extraordinária, organizada de forma transparente, idónea e republicana, para debater a crise interna do MpD”, sustentou a mesma fonte.
Para Orlando Dias, deveriam ser convocadas eleições internas para que o líder eleito tivesse tempo e condições políticas para introduzir “reformas profundas” no partido, apresentar novos compromissos de governação do país e enfrentar “com êxito” a disputa eleitoral de 2026.
O político informou ainda que caso isso acontecer será o candidato a novo líder do partido, considerando que o MpD necessita de um líder que traga novas propostas para a governação do país.
“Esta liderança do MpD de quase 12 anos está completamente esgotada, e já não tem mais nada para oferecer ao partido e nem ao país, por isso foi derrotada nas urnas. Porque é isso mesmo que aconteceu e não há nenhum negacionismo que mascare o problema”, reforçou o deputado do MpD.
Por isso, continuou, o resultado das eleições de 01 de Dezembro é “um cartão vermelho ao Governo e, em particular, ao primeiro-ministro”, como, aliás, referiu, “indicavam com antecedência” vários estudos de opinião.
O deputado afirmou ainda que durante estes quase 12 anos a actual liderança do MpD “descaracterizou” o partido, “secundarizou as bases” e transformou-o numa espécie de “sociedade anónima”, onde só têm a palavra o “conselho de administração e os principais acionistas”.
Ao ser questionado pelos jornalistas se estas eleições autárquicas podem ter impactos nas eleições legislativas, o mesmo considerou que “não há dúvidas, que sim”, reiterando que há necessidade de fazer “reformas profundas e mudar de liderança” e tentar encontrar um novo líder para inverter esta situação, pois, sintetizou, “com a liderança actual o caminho é para a derrota”.
“Ulisses Correia e Silva e o seu círculo mais íntimo não escutam as pessoas, adoptam atitudes de arrogância e não têm a humildade e a coragem política de assumirem os seus erros. São um corpo avesso aos questionamentos da militância e da cidadania”, ciriticou, num partido, continuou, que “se descaracterizou completamente” da sua origem.
“Este não é mais o MpD que conhecíamos, este baseia-se apenas em amiguismo, clientelismo e as pessoas começaram a perder a palavra deste partido”, reforçou no rol de críticas.
Por outro lado, alertou o actual líder do MpD para a necessidade de fazer uma remodelação governamental, reduzindo o “número absurdo” de membros do executivo, promovendo reformas estruturais para o país, mas também, reduzir "substancialmente a máquina do Estado".
DG/AA
Inforpress/Fim
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