
Cidade da Praia, 13 Nov (Inforpress) – A combatente da liberdade da pátria, Josefina Chantre, defendeu hoje a necessidade de reescrever a história do arquipélago, incluindo de forma “justa e visível” o contributo das mulheres na luta de libertação da Guiné e Cabo Verde.
Em declarações à imprensa à margem da cerimónia de homenagem póstuma ao seu falecido marido, Honório Chantre Fortes, Josefina lamentou que as mulheres continuem a ser pouco referidas nos registos históricos nacionais, sublinhando que “a história ainda é escrita pelos homens” e que é tempo das mulheres “escreverem as suas próprias histórias”.
“As mulheres têm que escrever as suas próprias histórias, porque a luta armada foi de homens e mulheres em igual pé de igualdade. Não houve mais luta, nem menos luta, mais participação, nem menos participação”, disse, realçando que mulheres realmente deram o contributo como o homem.
A antiga combatente recordou que, durante os anos de luta, as mulheres estiveram presentes em todas as frentes de combate, desempenhando papéis decisivos na mobilização, logística e resistência, mostrando que “não há tarefas que uma mulher não possa desempenhar quando lhe são dadas as mesmas oportunidades”.
Josefina Chantre Fortes partilhou ainda uma das suas memórias mais marcantes do período de luta, o assassinato de Amílcar Cabral, em 20 de Janeiro de 1973, em Conacri, um episódio que descreveu como “uma noite negra e dolorosa” para todos os combatentes.
“Foi uma noite péssima, uma noite que nenhum ser humano gostaria de recordar. Sofremos muito nessa noite, mas Cabral resolveu dar a própria vida para nós sobrevivermos. Ele morreu por nós, como Cristo morreu pelos cristãos”, recordou, enfatizando o legado do líder histórico da independência.
Para Josefina Chantre Fortes, revisitar essas memórias é essencial para preservar a história colectiva e inspirar as novas gerações, especialmente as mulheres, a conhecer e valorizar o papel que tiveram na construção da liberdade e da independência de Cabo Verde.
“Eu prometo começar a escrever, já estou a escrever, porque é escrevendo, e divulgando, é tirando cá para fora o que foi a nossa vivência ao longo desses 11 anos de luta armada, e que também os jovens vão mergulhando e vão tendo motivações para ir um pouco mais além”, pontuou.
LT/ZS
Inforpress/Fim
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