
Cidade da Praia, 13 Nov (Inforpress)- A média-metragem “Pirinha”, da realizadora Natasha Craveiro, foi premiado como Melhor Filme de Média-Metragem na VII Compectitiva de Cinema Negro Adélia Sampaio, em Brasília, distinção que reforça a circulação internacional da obra e a visibilidade do cinema cabo-verdiano.
Contactada pela Inforpress, Natasha Craveiro explicou que a notícia da distinção chegou com a mesma serenidade com que tem recebido os prémios anteriores.
A realizadora recordou que “Pirinha” nasceu sem qualquer ambição de circular por festivais, porque o foco inicial esteve sempre no público cabo-verdiano.
A actual trajectória do filme, com várias distinções, surgiu para a equipa como um bónus que trouxe satisfação e gratidão.
Segundo ela, cada reconhecimento atribuído a obras nacionais representa um ganho directo para o cinema cabo-verdiano.
A cineasta referiu que qualquer prémio, independentemente do autor ou do género, contribui para colocar o país no mapa e para reforçar a credibilidade do trabalho feito por realizadores locais.
Esse impacto, segundo afirmou, tem sido sentido em todas as etapas da circulação do filme.
O prémio na Mostra Compectitiva de Cinema Negro Adélia Sampaio assumiu um significado especial para a cineasta.
A ligação afectiva ao festival, que acompanha há vários anos, surge também do reconhecimento tardio de Adélia Sampaio, primeira mulher negra a realizar uma longa-metragem no Brasil.
Para Craveiro, uma feminista negra, esta distinção “está revestida de simbolismo” e representa um momento de grande importância.
A trajectória de “Pirinha” manteve-se constante desde a estreia. O filme já ultrapassou um ano e meio de circulação e entrou na programação de cerca quarenta festivais.
A realizadora considerou que o novo prémio confirma a força do percurso e reforça o interesse internacional pela obra.
A narrativa do filme surgiu como um dos elementos determinantes para o reconhecimento.
O abuso sexual de menores, tema central do enredo, foi apontado por Craveiro como uma problemática universal, capaz de despertar identificação em qualquer público.
A estrutura não linear da história, que pode causar alguma estranheza inicial, revelou-se igualmente decisiva no impacto final sobre quem assiste.
O trabalho em equipa mereceu destaque especial. A dedicação, o cuidado e a intenção de chamar atenção para uma realidade dolorosa marcaram todo o processo de criação.
Para a realizadora, a arte mantém também uma função social e política, capaz de provocar debate e gerar consciência sobre fenómenos que afectam as comunidades.
O festival é um dos mais relevantes espaços de valorização, difusão e reconhecimento do cinema negro e feminino no Brasil, reafirmando narrativas produzidas por mulheres negras e inspirando-se na obra de Adélia Sampaio, pioneira e primeira mulher negra a realizar uma longa-metragem no país.
KF/SR/JMV
Inforpress/Fim
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