Nova lei orgânica do BCV prevê emissão de moeda digital como meio complementar de pagamento – diz governador

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Nova lei orgânica do BCV prevê emissão de moeda digital como meio complementar de pagamento – diz governador
03/10/25 - 01:23 pm

Cidade da Praia, 03 Out (Inforpress) –  O governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, afirmou hoje que a nova lei orgânica prevê a emissão de moeda digital, visando promover a inclusão financeira, reduzir custos de transacção e modernizar sistemas de pagamento.

"A moeda digital é um caminho inevitável. Já está previsto na nova proposta da Lei Orgânica, já temos um grupo de trabalho e, eventualmente, vamos caminhar para esse fim sendo que alguns bancos, em alguns países, estão a adoptar esse modelo”, precisou.

Óscar Santos falava aos jornalistas, à margem da conferência internacional sobre “Inteligência Artificial (IA) como ferramenta de auxílio à promoção da eficiência e inovação no sistema financeiro”, promovida no âmbito das comemorações do 50.º aniversário do BCV.

Destacou que a moeda digital poderá contribuir para a digitalização dos serviços financeiros, reforçar a inclusão financeira e reduzir os custos de transacções, além de diminuir a dependência do uso de notas e moedas.

Óscar Santos sublinhou que o debate sobre tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e o “blockchain”, é fundamental para o futuro do sistema financeiro, sobretudo no que respeita à monitorização de riscos e à prevenção de fraudes numa era de crescente digitalização.

O governador explicou que existe um grupo de trabalho a estudar o processo e que a adopção será feita de forma gradual, começando pelo reforço do actual sistema de pagamentos, antes de avançar para a emissão da moeda digital.

Recordou ainda que alguns países experimentaram retrocessos por avançarem demasiado cedo nesse processo, e que Cabo Verde pretende evitar esse risco, apostando primeiro na solidez do sistema de pagamentos nacional.

“Nós queremos dar o passo certo, ou seja, primeiro ter um sistema de pagamento que é viável, que funciona, para depois dar o salto para a moeda digital”, referiu.

Segundo disse, a moeda digital terá um impacto positivo sobretudo na redução dos custos das transacções e na facilitação dos pagamentos instantâneos, beneficiando particularmente a diáspora cabo-verdiana.

Acrescentou que o novo plano estratégico do Banco de Cabo Verde coloca a inovação e as tecnologias emergentes no centro da sua actuação, com o objectivo de optimizar e automatizar processos de suporte à tomada de decisão.

Nesse sentido, adiantou que cerca de metade do orçamento anual de investimentos será destinado ao desenvolvimento e implementação de soluções informáticas para reforçar o negócio do banco central e a sua capacidade de resposta aos desafios da era digital.

Por seu turno, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, defendeu que a utilização cada vez maior da inteligência artificial (IA) é uma ferramenta essencial para melhorar os serviços prestados aos cidadãos, em particular, no sector financeiro.

Segundo Olavo Correia, a inteligência artificial já tem demonstrado utilidade no sistema financeiro, com destaque para o papel desempenhado pelo Banco Central, mas é necessário acelerar a sua implementação.

“(…) colocar a inteligência artificial ao serviço de um sistema financeiro mais sólido, melhor supervisionado, mas também mais rápido na gestão de riscos e na facilitação do acesso ao financiamento”, afirmou.

O ministro sublinhou que a aplicação da IA deve beneficiar todos os segmentos empresariais do país, desde as micro e pequenas até às médias e grandes empresas, reforçando a inclusão financeira e promovendo maior dinamismo económico.

AV/HF

Inforpress/Fim

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