Cidade da Praia, 19 Set (Inforpress) – O ex-diretor Nacional da Saúde Artur Correia alertou hoje para os riscos à credibilidade internacional e às vantagens conquistadas ao longo dos anos caso o País não faça o “trabalho de casa” e combater a reintrodução do paludismo.
Este especialista em saúde pública falava em declarações à imprensa, no final de um encontro com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, acompanhado do ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, no âmbito do processo de auscultação de entidades nacionais e internacionais sobre a situação sanitária da capital.
Artur Correia enfatizou que o Certificado de País Livre do Paludismo é uma conquista significativa que deve ser preservada com muito empenho e vigilância, salientando que no quesito da saúde pública, a questão do lixo e do saneamento na Cidade da Praia é um dos pontos mais críticos.
“Há uma responsabilidade acrescida do concelho da Praia, em termos do Governo e da Câmara Municipal, para garantir que Cabo Verde, portanto, diminua os riscos de transmissão de doenças vectoriais”, declarou, frisando que há sempre o risco de reintrodução da doença.
Segundo o especialista, a maior parte das epidemias que aconteceram em Cabo Verde começaram na Praia, como a epidemia de cólera, zika, e do paludismo em 2017.
Daí que, para Artur Correia, é um trabalho que deve ser feito não apenas pelo Ministério da Saúde, que tem o dever de ocupar das questões sanitárias, de diagnóstico, tratamento e medidas de luta anti-vectorial, como pulverização, mas também envolver a participação da sociedade, as autoridades, edilidade e toda a equipa responsável pelas questões ambientais.
“É fundamental para Cabo Verde que o concelho da Praia seja um concelho com salubridade porque tem implicações a nível da imagem do País e a nível sanitário”, apontou, indicando a necessidade de “mudar de chip”.
Para o ex-director, o trabalho conjunto entre Governo, parceiros, instituições de saúde e a comunidade é o caminho para manter os avanços e continuar a proteger a população cabo-verdiana de doenças transmitidas por vectores.
O alerta surge num momento em que Cabo Verde tem vindo a contar com apoio de organismos internacionais, como o Fundo Global, para reforçar os programas de prevenção, vigilância e controlo do paludismo e outras doenças.
O processo de auscultação estende-se com o presidente da Pró-Praia, José Costa Pina, o bastonário da Ordem dos Médicos, Francisco Barbosa Amado, e o representante da OMS em Cabo Verde, Ann Lindstrand.
O intuito é recolher contributos, identificar medidas prioritárias e reforçar a coordenação entre o Governo, parceiros internacionais, profissionais de saúde e sociedade civil, no sentido de garantir uma resposta eficaz e sustentável aos desafios da saúde pública relacionados com doenças transmitidas por vetores.
LT/JMV
Inforpress/Fim
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