Ribeira Grande, 15 Abr (Inforpress) – O treinador Eliseu Fortes exigiu hoje, a construção “urgente” de uma pista de atletismo em Santo Antão, considerando “inaceitável” que a “maior potência” da modalidade no país continue sem infra-estruturas, apesar dos títulos e talento revelado nos últimos anos.
Em declarações à Inforpress, o técnico sublinhou que, desde a criação do projecto Jal Domus Nostra, há 9 anos, o atletismo na ilha tem registado um crescimento “notável”, tanto em número de atletas como na “qualidade” das suas prestações, tornando Santo Antão numa “verdadeira” referência nacional.
E, como prova disso, apontou a conquista do título de campeã nacional de pista na categoria sénior e o vice-campeonato na categoria júnior.
“O que temos alcançado é fruto de muito esforço, sacrifício e talento. Mas não há infra-estrutura adequada. Já passou tempo demais. É inconcebível continuarmos a treinar em condições tão precárias”, enfatizou.
Com quase duas décadas de dedicação à modalidade, Eliseu Fortes lamentou que, apesar da afirmação de Santo Antão no panorama do atletismo nacional e internacional, os seus atletas continuem a treinar em condições “extremamente” precárias.
Enquanto outras ilhas como o Sal, com pista desde 2012, e Santiago, com pista há quase uma década, beneficiam de condições adequadas, os atletas santantonenses são obrigados a treinar no asfalto, em calçadas ou em relvados, o que, segundo o treinador, “põe em risco a integridade física dos jovens”.
O Estádio Municipal do Porto Novo, com relvado sintético, segundo a mesma fonte, é actualmente o único espaço “minimamente seguro” para treinos, mas continua longe de ser o ideal para o nível de competição que se exige.
“A relva não substitui o tartan. O impacto é diferente, o risco de lesão é maior. Todos os meses tenho atletas lesionados”, sublinhou.
Apesar das limitações, os resultados desportivos da ilha têm sido “expressivos”.
De acordo com o treinador, Santo Antão é hoje a ilha com maior número de medalhas e troféus em todas as categorias do atletismo cabo-verdiano.
Os atletas da região “brilham” em competições de pista, estrada e montanha, tanto a nível nacional como internacional, com destaque para participações medalhadas em França, Portugal e Macau.
“Não há competição em Cabo Verde onde não haja atletas de Santo Antão a vencer. E, no entanto, continuamos à margem, sem uma pista de treino e competição”, lamentou.
Eliseu Fortes recordou ainda que já foram apontadas várias possibilidades para a construção de uma pista na ilha, como Ponta do Sol, onde as condições “não são” ideais para competições, ou a zona da Lagoa, considerada “excelente” para treino em altitude.
Mais recentemente, surgiu a hipótese de a pista ser construída no Porto Novo, mas, até agora, tudo permanece no plano das “falácias”, disse.
O técnico garantiu que estará disponível para treinar os seus atletas em qualquer local da ilha onde a pista venha a ser construída.
“A pista será da ilha. Não importa onde. Mas já passou tempo demais. Somos campeões, temos atletas na selecção nacional, representamos Cabo Verde com dignidade. É inconcebível que ainda estejamos a treinar em condições tão precárias”, frisou.
Para Eliseu Fortes, mais do que um apelo, trata-se de uma reivindicação legítima por justiça desportiva.
“Não vou parar. Continuarei a formar atletas, a lutar por eles. Mas também não vou calar enquanto Santo Antão não tiver a pista de atletismo que merece”, insistiu.
LFS/ZS
Inforpress/Fim
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