
Tarrafal, 27 Nov (Inforpress) – A presidente do IPC considerou o atelier técnico sobre a candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial da UNESCO de “grande mais-valia”, por clarificar o estágio do processo e os critérios da UNESCO.
No acto de encerramento da actividade, Samira Baessa sublinhou que o encontro, promovido pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através do IPC, em parceria com o Fundo Africano do Património Mundial (AWHF), foi de “grande mais-valia”, do Campo de Concentração do Tarrafal-Museu da Resistência à Lista do Património Mundial da UNESCO, em relação à definição e ao cumprimento dos critérios estabelecidos por aquela organização.
No seu discurso durante o acto de encerramento, a presidente do Instituto do Património Cultural (IPC) destacou que, ao longo dos três dias de trabalho, foi possível identificar também “novos e outros desafios” que ainda persistem, tanto no avanço da candidatura como na gestão do sítio enquanto património nacional e potencial património da humanidade.
Segundo a responsável, a presença da especialista internacional convidada, com experiência em outros sítios e dossiês, proporcionou um “alargamento da perspectiva” dos participantes, algo que deverá reflectir-se na qualidade do documento técnico a apresentar e na forma como Cabo Verde se apropriará da gestão do sítio.
Conforme avançou, a realização do atelier no próprio Campo permitiu observar directamente o espaço e os atributos identificados, ajudando a perceber como estes se encaixam nos critérios da UNESCO e nas necessidades actuais do município, da comunidade envolvente, de Cabo Verde e dos países cujas memórias estão ligadas ao local.
A presidente do IPC reforçou ainda o papel do Fundo Africano do Património Mundial como “parceiro de primeira hora”, lembrando que foi através do convite do AWHF que Cabo Verde entrou no processo de avaliação preliminar, consolidando a equipa nacional e a decisão de avançar com a candidatura.
coordenadora técnico-científica do dossiê, Sandra Mascarenhas, destacou que o atelier permitiu clarificar as diferentes etapas do dossiê, seguindo as orientações do ICOMOS durante a avaliação preliminar.
As recomendações do organismo internacional funcionam como “um mapa” e “uma orientação” para o trabalho que se seguirá, tendo os três dias de encontro ajudado a “dar linha” ao dossiê final, cuja submissão está prevista de Janeiro de 2027.
O director-executivo do Fundo Africano do Património Mundial, Albino Jopela, considerou o atelier “um pequeno grande passo” na fase final de consolidação da candidatura, destacando o empenho do Ministério da Cultura, do IPC e das autoridades locais para a realização do evento num período “muito ocupado” e num ano “especial”, pelas comemorações dos 50 anos das independências das antigas colónias portuguesas.
Para Jopela, o Campo de Concentração do Tarrafal representa uma “história mais sombria” da repressão colonial, mas também a memória dos nacionalismos africanos e “do rumo à liberdade”, acrescentando valor à narrativa do património de Cabo Verde, da África e da humanidade.
O responsável alertou que o período que antecede a submissão do dossiê em Janeiro de 2027 “não é muito tempo”, reforçando a importância de manter o espírito de entrega e colaboração.
Em nome do AWHF, reiterou o compromisso de continuar a apoiar Cabo Verde nesta fase, recordando que o Fundo já acompanhou com sucesso 42 sítios africanos desde 2008.
Albino Jopela manifestou a convicção de que o Tarrafal “já devia estar inscrito” na Lista do Património Mundial, mas reforçou a necessidade de cumprir todas as etapas, contando com o apoio do Governo de Cabo Verde.
A expectativa é que a inscrição seja decidida em 2028, permitindo celebrar o reconhecimento internacional do Campo de Concentração do Tarrafal-Museu da Resistência.
O atelier técnico contou com a participação de técnicos do IPC, especialistas internacionais, representantes da Câmara Municipal do Tarrafal, comunidade local e demais parceiros envolvidos no processo de candidatura.
DV/HF
Inforpress/Fim
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