Calheta, 25 Set (Inforpress) – O presidente da associação ambiental Mar & Terra lançou hoje um alerta sobre o impacto das actividades humanas e a falta de apoio institucional na preservação de tartarugas marinhas durante a época de desova no município.
Em declarações à Inforpress, Miguel de Barros explicou que em São Miguel, a falta de apoio das autoridades locais é um obstáculo constante.
“A população está parcialmente sensibilizada para a questão, mas o maior problema é a falta de envolvimento do poder local, que não valoriza o esforço dos voluntários”, lamentou o ambientalista, apresentando casos concretos, como a apanha de areia na praia dos amores e a realização do festival nos dias 09 e 10 de Agosto na praia de Calhetona.
É que, conforme este ambientalista, na praia de Calhetona nesta altura já estavam contabilizados cerca de 15 ninhos, mas os preparativos para o festival local levaram à introdução de máquinas na praia, resultando na destruição dos ninhos.
“Este é um acto de desrespeito ao trabalho ambiental que fazemos há anos, e acabamos por abandonar a patrulha nesta época de desova", afirmou Miguel de Barros.
Já, este ano, “desmoralizados”, os membros da associação decidiram trabalhar em colaboração com a associação ambiental Caretta Caretta de Santa Cruz, participando nas suas actividades e apoiando a associação.
Barros frisou que sem recursos adequados, apoios financeiros e operacionais, a associação não pode continuar a mobilizar jovens voluntários para realizar patrulhas.
“Não posso arriscar a segurança dos voluntários quando trabalhamos sem apoios, em condições precárias e com pouca ou nenhuma segurança”, lamentou o presidente da associação.
Neste sentido, Miguel de Barros deixou um apelo às entidades centrais e governamentais, pedindo uma maior intervenção no cumprimento das leis de protecção ambiental.
“Fala-se muito sobre o ambiente a nível global, mas no terreno a prioridade tem sido apenas o custo e o orçamento. Precisamos de uma acção firme para proteger as tartarugas e o meio ambiente”, declarou.
Esta situação, conforme a mesma fonte, é apenas um “exemplo claro” de como iniciativas de preservação ambiental podem ser “minadas pela falta de cooperação institucional”, colocando em risco espécies que já enfrentam grandes desafios de sobrevivência.
Pois, diz estar ciente de que outras associações enfrentam situações idênticas ou piores.
Cabo Verde tem várias leis que visam proteger o meio ambiente e promover a sustentabilidade, dentre elas, a Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 86/IV/93) que define os princípios para a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável.
Também a Lei das Áreas Protegidas (Decreto-Legislativo n.º 3/2003) regula a criação e gestão de áreas protegidas, como parques e reservas, além do Código do Ambiente (Decreto-Lei n.º 99/IV/93) que estabelece normas e sanções contra a poluição e degradação ambiental.
Além disso, a Lei da Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto-Lei n.º 27/2006) exige avaliações para projectos com potencial impacto negativo no ambiente.
MC/ZS
Inforpress/Fim
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