São Vicente: Vasco Martins será sepultado no sábado no cemitério do Norte de Baía

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São Vicente: Vasco Martins será sepultado no sábado no cemitério do Norte de Baía
28/11/25 - 06:07 pm

Mindelo, 28 Nov (Inforpress) – O corpo do músico e compositor cabo-verdiano Vasco Martins será sepultado, no sábado, 29, no cemitério da zona de Norte de Baía, tal como era o seu desejo, informou à Inforpress fonte familiar.

A morte do artista, ocorrida na madrugada de quinta-feira, 27, no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, aos 69 anos, vítima de doença, deixou a sociedade cabo-verdiana em clima de consternação.

Vários artistas que privaram com ele, bem como personalidades e instituições nacionais, manifestaram pesar e destacaram a obra e o legado que Vasco Martins deixou para as gerações futuras.

O artista plástico Tchalê Figueira descreveu Vasco Martins como “um amigo, companheiro de viagens na música e na poesia”, destacando que, apesar da sua morte, as suas “sinfonias ficam para o júbilo dos que vão permanecer neste mundo”.

O cantor Zé Delgado também manifestou a sua tristeza pelo falecimento do músico e compositor. “Que tristeza é a vida, responde oh venerado silêncio”, escreveu.

O músico Mário Lúcio Sousa destacou a “eterna lembrança de um grande amigo, um compositor universal e particular, poeta de fino humor, asceta”.

A cantora Nancy Vieira desejou que Vasco Martins “seja recebido num lugar de paz, com a mesma delicadeza com que ele acolhia”.

Igualmente, os artistas Renato Almeida, Artur Brito e o compositor Betú agradeceram o legado do músico e compositor cabo-verdiano.

Além da comunidade artística, outras instituições manifestaram pesar pela morte de Vasco Martins.

A Presidência da República vincou, em nota, que a obra do músico “permanecerá como referência incontornável da identidade cultural do nosso país”, considerando-o “uma das figuras mais elevadas da cultura cabo-verdiana contemporânea”.

“Autor de uma obra vasta, inovadora e singular, Vasco Martins dedicou a sua vida à criação musical, explorando com mestria a fusão entre a tradição cabo-verdiana e novas linguagens estéticas. A sua contribuição para o património artístico nacional é imensa e permanecerá como referência incontornável da identidade cultural do nosso país”, lê-se na nota.

O presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, considerou que Vasco Martins foi mais do que um compositor.

“Foi um espírito livre, um investigador incansável do som e da alma cabo-verdiana. Transformou São Vicente no centro da sua criação e fez da nossa ilha o ponto de partida para obras que hoje são referência dentro e fora do país”, escreveu, lembrando que o músico fez parte do núcleo artístico que lançou o Festival da Baía das Gatas, em 1984, “um gesto que marcou para sempre a cultura da ilha”.

“A sua obra, vasta e profunda, continua disponível para todos nós. As suas sinfonias, os discos que deixou, o seu trabalho no Calhau e a forma única como olhava a natureza e a espiritualidade fazem de Vasco um criador que não se repete e não se substitui”, acrescentou, expressando condolências à família e amigos, porque São Vicente “perdeu um dos seus grandes criadores”.

Por sua vez, o presidente regional da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) manifestou pesar pelo falecimento do músico e compositor, que, segundo ele, “é uma das figuras marcantes e inovadoras da cultura cabo-verdiana”.

“Vasco Martins foi mais do que um artista. Foi um criador inquieto, um investigador dos nossos sons e um embaixador da identidade cabo-verdiana no mundo. A sua partida deixa um vazio na cultura nacional. Mais do que a perda de um artista, é a perda de uma voz, de um olhar e de uma sensibilidade que ajudam a construir a nossa identidade colectiva”, observou.

Na mesma linha, a Associação Artística e Cultural do Mindelact manifestou o seu luto pela partida de Vasco Martins, que considerou ser “um dos maiores nomes da música cabo-verdiana e uma referência incontornável da nossa cultura”.

“Vasco Martins deixou-nos um legado imenso, que continuará a inspirar gerações de artistas, investigadores e amantes da arte. Hoje, celebramos a sua vida e o seu génio, mesmo num momento de profunda tristeza”, escreveu a associação.

Vasco Jorge Coelho de Oliveira Martins nasceu em Queluz, Portugal, em 1956. Filho de pai cabo-verdiano e de mãe portuguesa, foi viver para São Vicente aos nove anos, onde construiu a sua carreira artística.

Começou a tocar piano, depois violão e guitarra, e, posteriormente, aperfeiçoou os seus conhecimentos musicais em Portugal, onde estudou análise e harmonia, e em França, onde frequentou a Conservatória Municipal de Noisy-le-Sec.

Sinfonista, pianista, guitarrista, romancista, etnomusicólogo, ensaísta, poeta e produtor musical, Vasco Martins distinguiu-se como compositor de música erudita e sinfónica. Foi autor da primeira obra sinfónica cabo-verdiana, escritor, tendo lançado livros de poesia e romances e também foi investigador da música tradicional de Cabo Verde.

Na memória ficam os seus emblemáticos concertos no Arco, estrutura que mandou construir no Norte de Baía, e a sua participação na criação do Festival Internacional de Música da Baía das Gatas, hoje considerado um dos maiores eventos de música ao ar livre de Cabo Verde.

CD/HF

Inforpress/Fim

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