Mindelo, 07 Jul (Inforpress) – O PAICV em São Vicente denunciou hoje que a câmara se recusa a ligar a Faculdade da Educação e Desporto (FAED), da Universidade de Cabo Verde, à rede de esgotos e aplicou coima de mil contos à instituição.
A denúncia foi feita hoje pelo eleito municipal do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Nilton Medina Silva, após uma visita à FAED, da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).
Segundo o eleito, esta situação de “falta de saúde pública” tem prejudicado mais de 600 pessoas entre estudantes, professores e funcionários, põe em perigo a própria estrutura do edifício, porque a cave, que fica embaixo da biblioteca, encontra-se inundada de água de esgoto.
Além disso, acrescentou, afecta as residências próximas à instituição e o próprio Bispado do Mindelo, onde vive o bispo Dom Ildo Fortes, paredes meias com a FAED.
“Tivemos conhecimento da situação sobre a não ligação desta instituição à rede de esgoto, porque desde a sua inauguração não houve ligação à rede de esgoto. E a situação ficou cada vez pior, tendo em conta o aumento da população estudantil. Neste momento temos praticamente um esgoto a céu aberto”, começou por dizer.
Para Nilton Medina Silva este problema acontece porque a câmara não autoriza a instituição a ligar-se à rede pública de esgoto o que, a seu ver, vai dificultar o arranque do próximo ano lectivo, tendo em conta a “situação de insalubridade”.
O eleito municipal afirmou que apesar dos sucessivos contactos da direcção da FAED e do alerta da Delegacia de Saúde de São Vicente para resolver a situação, o presidente da câmara de São Vicente, Augusto Neves, tem-se remetido ao silêncio.
“Daqui a pouco, com as chuvas, com o calor a aumentar cada dia mais, haverá mais um ambiente propício para a proliferação de mosquitos. Nós apelamos à câmara municipal à resolução deste problema porque estranhamos que depois de tanta insistência a câmara não responde, a FAED decide avançar com os trabalhos e a câmara aplica-lhe uma multa de um milhão de escudos sem nenhum contacto institucional”, criticou.
Segundo o responsável da FAED, Albertino Martins, há vários meses que estão a conviver com o problema de acumulação de águas na cave do edifício do ex-Cortiço.
Isto porque, explicou, desde a inauguração do edifício novo, a universidade nunca teve autorização para ligar-se à rede pública de esgotos pelo que tiveram que canalizar as águas residuais para uma fossa séptica que já não responde à demanda.
“Chegamos a ter cerca de dois metros de água acumulada numa cave que tem uma dimensão considerável e isto para nós é um motivo de preocupação. A Delegacia de Saúde nos alertou para a resolução do problema. Procuramos dialogar com a câmara porque é um problema que nos ultrapassa”, explicou.
Albertino Martins disse que propuseram à câmara fazer o trabalho de ligação à rede de esgotos às custas da universidade e nunca teve resposta.
Mas que, perante “o silêncio da autarquia”, contrataram uma empresa de construção civil e iniciaram as obras “por desespero de causa e conscientes de que estavam a fazer uma intervenção sem autorização municipal”, foram autuados.
“Cortamos o passeio, fizemos toda a ligação de tubagens e quando chegámos à fase do asfalto onde iríamos dar com a boca de esgoto que nos permitisse fazer a ligação, a câmara municipal nos autuou com uma coima de um milhão de escudos para serem pagos em 30 dias”, explicou a mesma fonte.
O responsável informou que a equipa de saneamento da câmara conhece perfeitamente a situação porque já deslocou o carro de saneamento para fazer a sucção de água de esgoto que agora está a ser feita por uma empresa privada com custos que já ascendem a 100 contos.
CD/AA
Inforpress/Fim
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