São Vicente: PAICV acusa Augusto Neves de responsável político pelos estragos e mortes causadas pelas chuvas (c/áudio)

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São Vicente: PAICV acusa Augusto Neves de responsável político pelos estragos e mortes causadas pelas chuvas (c/áudio)
09/09/25 - 01:58 pm

Mindelo, 09 Set (Inforpress) - O PAICV pondera apresentar uma moção de censura ao presidente da câmara de São Vicente a quem acusa de ser o “responsável político pelos estragos e mortes causadas pelas chuvas” na ilha, na sequência da recente tempestade.

Em conferência de imprensa hoje, no Mindelo, o presidente da Comissão Política Regional (CPR) do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) em São Vicente, Adilson Graça Jesus, apelou por isso à demissão de Augusto Neves.

“Responsável político ele será sempre. É claro que nós não o vamos culpar pelas chuvas torrenciais. Não o vamos culpar pela falta de aviso, da falta de alerta, mas temos sempre de o culpar por aquilo que ele não fez ou por aquilo que ele fez de errado, de forma inconsequente, de forma teimosa”, afirmou.

A mesma fonte recordou que o presidente da câmara de São Vicente, Augusto Neves, autorizou construções, na zona de passagem de águas pluviais, em Chã de Alecrim e noutras ribeiras, e que também não fez a limpeza dos diques e dos esgotos da cidade, permitindo o acumular das águas que causaram estragos e a perda de vidas humanas.

“As situações que aconteceram foram muito gravíssimas. Nós tivemos mortes na ilha por causa da força das águas, porque os sistemas não funcionaram, porque os diques não foram desassoreados, as ribeiras estão sujas de entulhos e de todo o tipo de restos de materiais de construção”, concretizou, acrescentando que “não há fiscalização e nem desentupimento dessas zonas”.

Segundo Adilson Graça Jesus, as chuvas ocorridas em São Vicente "vieram pôr a nu, mais uma vez, a incapacidade e a inépcia" manifesta da Câmara Municipal de São Vicente, suportada pelo Movimento para a Democracia (MpD) há 21 anos, e liderada por Augusto Neves há 15 anos, em resolver os problemas da ilha.

Pelo que, afirmou, o PAICV também quer assacar a responsabilidade daquilo que não está a acontecer actualmente que é a limpeza do centro da cidade, dos esgotos e de várias zonas em São Vicente.

“Como poderíamos aceitar que um mês depois do fatídico dia 11 de Agosto, a câmara de São Vicente não tinha sido capaz de efectuar a limpeza do centro da cidade e das diversas zonas, bem como a resolução do grave problema de esgotos a céu aberto”, criticou.

O líder do PAICV em São Vicente recordou ainda que, no mandato anterior, foi submetido a tribunal um pedido de perda do mandato de Augusto Neves por causa de “situações gravosas as quais o ministério da tutela, o próprio Governo, através do Ministério das Finanças, e Tribunal de Contos tinham nos seus relatórios”.

Tais situações, frisou, “claramente poderiam levar à perda do mandato de Augusto Neves”.

Por isso pediu que outras instituições da República, outros órgãos de soberania desempenhem o seu papel porque há responsabilidades que devem ser assacadas.

A tempestade Erin, ocorrida na madrugada do dia 11 de Agosto, inundou bairros, destruiu estradas e estabelecimentos comerciais, afectou o abastecimento de energia e água e provocou nove mortos, havendo ainda duas pessoas desaparecidas e vários desalojados.

Na sequência, o Governo decretou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos concelhos de São Nicolau, outros dos pontos do país afectados.

Foi aprovado um plano de resposta com apoios de emergência às famílias e actividades económicas, incluindo linhas de crédito bonificadas e verbas a fundo perdido, financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência, criado em 2019.

CD/AA

Inforpress/Fim

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