São Vicente: Escolas afectadas pela tempestade Erin iniciam ano lectivo com “condições mínimas” (c/áudio)

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São Vicente: Escolas afectadas pela tempestade Erin iniciam ano lectivo com “condições mínimas” (c/áudio)
15/09/25 - 12:21 pm

Mindelo, 15 Set (Inforpress) – As escolas que sofreram danos causados pela tempestade Erin iniciaram hoje o ano lectivo de forma tranquila apesar de alguns percalços que tem que ver com construção de muros, reparação de equipamentos e queda de tectos.

Esta informação foi constatada pela Inforpress que fez uma ronda pelos estabelecimentos de ensino da ilha.

Na Escola Industrial e Comercial do Mindelo (a conhecida Escola Técnica) o director, Donaciano Oliveira, avançou à Inforpress que o arranque das aulas está a ser feita com as “condições mínimas”, não obstante os constrangimentos em salas de aulas e, especialmente, em todas as oficinas.

Por isso, segundo a mesma fonte, vão dar continuidade aos trabalhos de recuperação e consertos de alguns equipamentos que foram danificados.

“Estamos a ver com o Ministério de Educação como reaver os equipamentos para que os alunos possam desenvolver as suas actividades de forma normal”, disse Donaciano Oliveira.

Uma normalidade que espera disponibilizar a 1.230 alunos do 7.º ao 12.º ano, orientados por 145 professores, e que no último ano têm a possibilidade de sair com dupla certificação, do ano lectivo e, ainda, de estágio profissional.

Um detalhe destacado à Inforpress pelos alunos Leiny Gomes e Gabriel Duarte, 12.º ano e 8.º ano, respectivamente, que esperam ter outras oportunidades no mercado de trabalho com esta “nova bagagem”.

O director explicou que a modalidade já funcionava há algum tempo, mas ficou efectivada no ano lectivo transacto e vai permitir aos estudantes ter um primeiro contacto com o mundo empresarial, antes de prosseguirem os estudos superiores ou ingressarem no mercado de trabalho.

“São mais bagagens, mais ferramentas, habilidades e competências que vão adquirir”, sublinhou Donaciano Oliveira.

Na escola Semião Lopes, em Bela Vista, onde tempestade fez desabar os tectos de duas salas e o muro circundante, a gestora Suzana Calazans tranquilizou os pais e a comunidade educativa que a instituição possui o mínimo de condições para iniciar.

“Fomos das escolas que foram devastadas pelas chuvas, tivemos queda de dois muros, duas salas em que os tectos caíram, mas temos as condições mínimas. Quero reforçar que as salas cujos tectos caíram estão desactivadas há cerca de dois anos pelo que teremos todas as 10 salas em condições e disponíveis”, assegurou.

Suzana Calazans destacou por isso o engajamento da comunidade da Bela Vista, parceiros, professores, pais e encarregados de educação que, num “djunta mon” (interajuda), trabalharam desde o dia 15 de Agosto para levantar os muros, limpar o espaço e garantir mais segurança da escola que conta com 16 turmas e 400 alunos do 1.º ao 4.º ano.

“O apelo que eu faço é que as pessoas que queiram ajudar cheguem à escola porque estaremos abertos das 07:00 às 17:30”, afirmou a mesma fonte, para quem “além de necessidades de melhoria no espaço físico há alunos, funcionários e professores que perderam tudo e precisam de apoio material e psicológico”.

Também na Escola João José dos Santos, sede do agrupamento número 7 que também compreende as escolas de Luís Morais e Jovino Santos, o gestor Manuel Lopes disse que “o ano lectivo iniciou sem sobressaltos” embora tenha havido alguns estragos com relação à tempestade de 11 de Agosto.

“Abrimos o ano lectivo em articulação com a delegação escolar. Mas ainda persistem alguns constrangimentos que têm a ver com as infra-estruturas, porque a escola João José dos Santos precisa de melhorias nalgumas salas de aula, alguns tectos cederam, houve muita infiltração, equipamentos informáticos foram destruídos pela tempestade no dia 11 de Agosto e o depósito de água precisa ser substituído”, explicou.

Segundo a mesma fonte, são constrangimentos que não afectam a abertura das 48 salas de aula do agrupamento, mas considerou que é urgente resolver esses “problemas pontuais” para garantir segurança e normalidade nessas instituições durante o ano lectivo.

Ainda, conforme o gestor, na Escola João José dos Santos, que faz parte do agrupamento, já está em andamento a construção do muro para evitar que estranhos possam entrar dentro do espaço e garantir a segurança dos alunos e das pessoas que lá trabalham.

Na quarta-feira o delegado do Ministério da Educação em São Vicente disse que em “todas as escolas básicas e secundárias” estão criadas as “condições mínimas” para que os alunos arranquem as aulas em segurança, não obstante o estado de calamidade decretado pelo Governo devido aos estragos provocados pela tempestade, de 11 de Agosto.

Sobre os estabelecimentos que sofreram danos, como queda de muro, danificação dos tectos, Jorge da Luz, sem detalhar, confirmou que ainda restam algumas preocupações, mas que devem ser sanadas nos próximos tempos.

Informou ainda que a ilha de São Vicente terá, no ano lectivo 2025/2026, cerca de mil professores, para orientar 15 mil alunos do 1.º ao 12.º ano.

A tempestade Erin, ocorrida na madrugada do dia 11 de Agosto, inundou bairros, destruiu estradas e estabelecimentos comerciais, afectou o abastecimento de energia e água e provocou nove mortos, havendo ainda duas pessoas desaparecidas e vários desalojados, em São Vicente.

Na sequência, o Governo decretou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos concelhos de São Nicolau, outros dos pontos do país afectados.

Foi aprovado um plano de resposta com apoios de emergência às famílias e actividades económicas, incluindo linhas de crédito bonificadas e verbas a fundo perdido, financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência, criado em 2019.

CD/LN//HF

Inforpress/Fim

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